Sedentarismo e obesidade são a segunda maior causa dos tumores. Médico da Aliança Oncologia recomenda que trinta minutos de atividades físicas ajudam o corpo a se proteger da doença
Nesta sexta-feira (8/4) é celebrado o dia mundial de combate ao câncer. A data não é lembrada por acaso. No Brasil, é o câncer a segunda causa de morte por doença, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Na estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o biênio 2016/2017, o Brasil deve registrar 596 mil casos de câncer. Mundialmente, a incidência do câncer cresceu 20% na última década.
E uma das melhores maneiras para evitar a doença está ao alcance de qualquer pessoa. Fazer aquela caminhada no parque ou andar de bicicleta perto de casa não tem resultados apenas para eliminar a gordurinha localizada na barriga. A atividade física frequente pode evitar um tumor.
Segundo o INCA, obesidade e sedentarismo juntos são responsáveis por 20% dos casos de câncer de mama, 50% dos carcinomas de endométrio, 25% dos tumores malignos do cólon e 37% de esôfago. O Ministério da Saúde completa que os dois fatores combinados formam a segunda maior causa de câncer que poderia ser prevenida, atrás apenas do tabagismo.
“Exercícios e boa alimentação ajudam antes, durante e depois do paciente se deparar com o câncer. Melhora a qualidade de vida, faz a pessoa se sentir forte e preparada durante o tratamento. E diminui em 60% a reincidência da doença”, explicou Márcio Almeida, médico da Aliança Oncologia.
Quantidade
Almeida explica que 30 minutos de atividade física leve durante quatro ou cinco dias na semana são suficientes para aumentar a proteção contra o câncer, ou mesmo ganhar forças para suportar o tratamento. Isso significa que uma caminhada ou passeio de bicicleta diariamente podem salvar vidas.
A advogada Rozélia Silveira, 46 anos, praticou esportes a vida inteira, correu até meia-maratona. “Até me considerava uma atleta”, brinca. Em 2013, descobriu ter câncer de mama. Mesmo assim não largou as pistas. Após conversar com a equipe médica chefiada por Márcio Almeida, diminuiu a intensidade dos exercícios. Corria ou caminhava 5 km por dia, mesmo durante os seis meses em que fez quimioterapia.
Nada comparado aos dias quando corria 30 km e pedalava mais 40 km. Mas sair do sedentarismo transformou o tratamento de Rozélia.
“Eu fiquei bem, muito melhor que as outras mulheres que faziam quimioterapia comigo. Nada de vomitar, ou ficar com aquela cara baqueada, arroxeada, sabe?”, enumera a advogada. “Ela não ficava em cima da cama, sem disposição, como acontece na grande maioria dos casos de quem trata um câncer. Suportou melhor os efeitos colaterais dos remédios, dormia melhor”, lembrou Márcio Almeida.
Ao se debruçar sobre o assunto, a ciência já descobriu evidências que comprovam a relação entre exercícios e melhora no tratamento da doença. Em 2015, cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, descobriram que exercícios retardam o crescimento de tumores. O fenômeno ocorre porque as atividades melhoram a funcionalidade dos vasos sanguíneos, aumentam o fluxo de oxigênio e retardam o avanço do câncer.