Falta de gasolina e óleo de calefação agravam crise humanitária que afeta o país

Prateleiras vazias em mercado de Ichinoseki, Japão (Chris McGrath/Getty Images)

Prateleiras vazias em mercado de Ichinoseki, Japão (Chris McGrath/Getty Images)

O governo japonês deu início nesta quinta-feira a uma grande operação para sanar a escassez de combustível no país. Autoridades entraram em contato com as petrolíferas a oeste do Japão e solicitaram o envio de 200.000 litros de gasolina e demais combustíveis, como etanol e diesel às regiões mais afetadas pelo terremoto da semana passada.

A ação é mais uma tentativa de reduzir o agravamento da crise humanitária que assola o país, já que se soma a outras medidas para facilitar o transporte de água e alimentos aos sobreviventes da tragédia.

O ministro da Economia, Comércio e Indústria, Banri Kaieda, pediu às refinarias que aumentem sua atual operabilidade de 80% para mais de 95%, a fim de acabar com a falta de combustível e com as filas de espera nos postos de gasolina das áreas devastadas pelo terremoto e posterior tsunami da sexta-feira passada.

Postos de gasolina do nordeste do país serão designados como prioritários para o fornecimento de combustível aos veículos de emergência, como carros-patrulha e caminhões dos bombeiros, que também se viram afetados pela extrema escassez dos últimos dias.

O combustível se transformou em uma das principais necessidades diante da crise, já que é essencial para facilitar o deslocamento dos veículos de resgate e retirada da população que vive nas regiões em que têm ocorrido vazamentos nucleares, como Fukushima. A falta de combustível chegou a tal ponto que, em alguns abrigos, houve problemas para manter em funcionamento os aquecedores que protegem idosos e famílias inteiras da onda de frio e neve no nordeste do país.

Por isso, o governo também iniciará um plano de emergência para distribuir óleo de calefação aos abrigos e às pessoas mais afetadas pela destruição de suas casas e pelo temporal de neve em regiões como Iwate.

Ameaças – Os cerca de 2.200 refúgios distribuídos na zona nordeste do país acolhem 420.000 desabrigados, que, após sobreviverem ao terremoto, ainda enfrentam novas ameaças em meio ao frio crescente e a uma rotina desoladora. Pelo sexto dia consecutivo, uma porção de arroz, um pouco de carne e de sopa foi o cardápio comum para aqueles que ficaram sem lar após o terremoto, que já deixou 5.429 mortos e 9.594 desaparecidos, segundo boletim da polícia japonesa.

Comida – O desastre natural e a crise nuclear da central de Fukushima Daiichi, situada em uma região famosa pela produção de sal, impactou também com força na indústria alimentícia japonesa. A Associação da Indústria de Sal do Japão liberou nesta quinta-feira 900 toneladas de sal de suas reservas, diante dos problemas de fornecimento na indústria alimentícia como consequência das interrupções em seis fábricas do país.

Esta é a primeira vez que o governo japonês retira sal de suas reservas, algo que se soma à decisão excepcional de quarta-feira de liberar os estoques de arroz para enfrentar as necessidades da população afetada.

A escassez de produtos básicos em alguns lugares do Japão, como em Tóquio, piorou porque muitos decidiram fazer estoques de mantimentos e combustível perante as incertezas da situação, embora o governo tenha feito um apelo para desestimular tal prática.

Os cortes intermitentes de energia elétrica podem se agravar em Tóquio com o aumento dos gastos com energia, diante da onda de frio e neve que se intensificou na quarta-feira, enquanto a falta de eletricidade nas zonas mais afetadas impossibilita a população de entrar em contato com suas famílias.

(Com agência EFE)

Fonte: VEJA