Conab estima área 621,5 mil hectares maior em todo o país; número é 40% menos que o planejado pelas usinas

Álcool teve alta de preços em plena safra; açúcar também está em patamar elevado interna e externamente

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Apesar da expansão de cana no Brasil projetada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a área plantada do produto é insuficiente para resolver a crise do setor sucroalcooleiro.
Dados da companhia mostram que a expansão deverá atingir 621,5 mil hectares até o fim deste ano.
O número representa menos que um terço do que seria necessário para suprir a alta demanda por etanol, de acordo com a área de planejamento e estratégia da USP de Ribeirão Preto. Segundo as estimativas, seriam necessários 2 milhões a mais de hectares.
A própria Conab diz que a expansão é cerca de 40% menor do que o planejado pelas indústrias. O agrônomo Carlos Bestétti, da Conab, disse, porém, que esse planejamento poderá ser alcançado até o final do ano.
A expansão terá reflexos somente daqui a 18 meses, quando a cana será colhida.
O clima -com estiagem, chuva e geada- atrapalhou o planejamento do setor.
Segundo a Conab, novas usinas entraram em funcionamento na safra passada.
Foram três novas unidades em Minas Gerais, duas em São Paulo, duas em Goiás e uma em Mato Grosso, outra em Mato Grosso do Sul e mais uma no Rio de Janeiro.
Bestétti, que é gerente de levantamento e avaliação de safra da Conab, disse que a lavoura de cana avança sobre áreas de criação de gado.
No oeste de São Paulo, a cana toma espaço dos pomares de laranja. Em Mato Grosso, avança sobre pastagens e, em menor escala, em áreas voltadas ao cultivo de grãos.
A mudança dos investimentos são reflexo dos bons preços da cana e dos derivados -como etanol, anidro e açúcar-, que atraíram recursos dos empresários do setor, disse Bestétti.
O açúcar manteve os preços em patamares elevados tanto no mercado interno como no externo, o que fez com que as indústrias mudassem o mix de produção.

PRODUTIVIDADE
O levantamento da Conab aponta queda no rendimento das lavouras de cana.
Segundo Bestétti, haverá quebra superior a 70 milhões de toneladas do produto para moer, em relação à primeira projeção do órgão, divulgada em maio deste ano.
Isso significa que de cada hectare que no ano passado produzia 77,5 toneladas de cana, neste ano deve produzir menos de 70 toneladas por hectare, disse Bestétti.

 

Fonte: Folha de São Paulo