Na madrugada de domingo, esperava-se até por três horas no centro da cidade de São Paulo (onde quase ninguém vai naquele horário, exceto moradores de rua) para conseguir ver as obras impressionistas no Centro Cultural Banco do Brasil. Nas luzes dos mestres do impressionismo, vemos a São Paulo iluminada.

Há uma fome de cultura e de educação de qualidade, movida pelas classes C e D que ganham mais escolaridade e mudam nossa paisagem social.

As pessoas estão até aqui se lixando para as eleições municipais porque os candidatos não falam nada de interessante conectado à vida dos cidadãos. É uma mediocridade avassaladora. Não tem luz.

A São Paulo iluminada é essa das filas da madrugada para ver não um show de pagode ou música sertaneja. Mas Monet ou Renoir.

Assim como se formam filas para ver quadros de Caravaggio no Masp. Filas de novo vão se formar na Bienal do Livro, que começa nesta semana. No final do mês, ocorre a experiência do Design Week , na qual o design ocupa vários pontos das cidade.

Um dos personagens mais populares é João Carlos Martins, que espalha música erudita pela periferia. Jovens aprendem como usar a internet para pagar pouco ou quase nada.

O desinteresse do eleitor é uma espécie de vingança silenciosa.

Gilberto Dimenstein

Fonte: Folha de S. Paulo