Terminou na sexta-feira, em Copenhague, o fórum anual do Global Compact, a iniciativa da ONU estabelecida em 2000 para induzir a gestão empresarial sustentável e engajá-las nas discussões multilaterais.
Ao aderir voluntariamente ao Pacto Global, as empresas se comprometem a adotar, em suas estratégias de negócios, princípios internacionalmente aceitos em direitos humanos, relações trabalhistas, meio ambiente e combate à corrupção.
A aplicação e evolução das práticas nesses temas são avaliadas por meio de uma relatório chamado de “Comunicação de Progresso”. As empresas são, então, classificadas em quatro categorias: iniciantes, ativas, avançadas e blueprints.
Até 2010, 8.000 empresas de 135 países haviam aderido ao Pacto Global. Mas, no ano passado, a entidade resolveu realizar uma avaliação mais rígida e retirou a adesão de 2.000 empresas. Por isso, o fórum deste ano iniciou-se sob o impacto dessa decisão.
Com essa atitude, o Pacto Global sinalizou que não basta aderir aos compromissos, é preciso aplicá-los num processo contínuo de engajamento que vá disseminando e induzindo boas práticas gestão.
Na teoria, temos o protagonismo empresarial engajado com temas centrais para a sociedade, promovendo mudanças de comportamento e de padrão de produção e consumo, por meio da gestão sustentável.
Na prática, porém, há muitos desafios a superar.
O principal deles é tornar evidente que o comprometimento da gestão com a sustentabilidade contribui para a transição à nova economia.
Um dos caminhos é integrar os balanços financeiros e os relatórios socioambientais, como os do modelo GRI que permite o reporte das ações nos mesmos temas do Pacto Global.
A disseminação desse novo relatório empresarial integrado servirá não só como balizador das empresas no sistema multilateral da ONU como dará à sociedade parâmetros para avaliar a evolução da gestão sustentável e sua articulação com a nova economia verde.
Outra forma de protagonismo que os 500 representantes de empresas e entidades de cem países presentes ao fórum optaram foi a decisão de pressionar os governos dos seus países a virem à Rio+20 com propostas concretas que possam vir a ser adotadas globalmente e que contribuam para a transição para a economia sustentável.
É grande a expectativa de que o Brasil, por sediar o evento, por possuir um imenso capital natural e por ter conquistado avanços econômicos e socioambientais importantes nos últimos anos, assuma de vez a liderança do movimento pelo desenvolvimento sustentável. É uma oportunidade para não desperdiçar.
RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna.
Fonte: Folha de S. Paulo