Método de flotação recebia críticas desde que foi adotado, em 2001, pelo governador Alckmin
Novas propostas de despoluição serão apresentadas até o fim de outubro, segundo secretário de Energia
Apu Gomes/Folhapress |
Estrutura montada sobre o Pinheiros, na Usina Termoelétrica Piratininga, na zona sul
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
Após dez anos de investimentos públicos que chegaram a R$ 160 milhões, o governo paulista desistiu do plano de limpar o rio Pinheiros pelo método de flotação.
A ideia era levar parte da água despoluída para a represa Billings, o maior reservatório da Grande São Paulo.
O sistema encampado em 2001 pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) consiste em reunir a sujeira em flocos na superfície da água para posterior remoção. No Pinheiros, o método se mostrou ineficiente e caro.
Mantê-lo exigiria novos investimentos sem certeza de êxito, diz o governo paulista.
A aposta de 2001 foi inédita: nunca havia se tentado limpar água via flotação num rio do porte do Pinheiros, com 25 km. A tecnologia é usada em lagos e mineração.
No lançamento do plano, especialistas já alertavam para o risco de fracasso. “A flotação foi um erro. A poluição do Pinheiros é de esgoto doméstico. O conceito [de flotação] era deixar o cocô e o xixi viajar pelo rio, causar um monte de doenças, para depois coletar os resíduos. Tem que tratar o esgoto”, diz Ildo Sauer, professor da USP, crítico do plano desde 2001.
O governo manteve a defesa firme do método nesses quase dez anos. Classificava-o de “simples e inovador”. Agora, buscará alternativas. Propostas serão recebidas até o fim de outubro, diz o secretário de Energia, José Aníbal.
INEFICIÊNCIA
O Ministério Público soube da desistência em maio. Em um acordo na Justiça em 2007, o Estado aceitou testar a flotação em um trecho menor do Pinheiros e submetê-lo à Promotoria. A execução no rio todo, projeto de R$ 350 milhões, ficou condicionada ao aval dos promotores.
Os últimos testes, concluídos em 2010, mostraram que a flotação não barrava o nitrogênio amoniacal, um indicador de esgoto na água, e gerava grande volume de lodo.
Na ocasião, o governo disse que trabalhava para a flotação ser mais eficaz. Um canal foi construído para mais testes, mas nunca foi usado.
Dos R$ 160 milhões, metade saiu da Petrobras e a outra parte do Estado. A estatal federal bancou o início do projeto e o deixou em 2007, ao saber de novos gastos.
O Estado terá que custear ainda a retirada dos aparelhos da flotação do rio Pinheiros e o transporte do lodo.
fonte: folha de sp