Por Jorge Eduardo Dantas
Natal (RN) – No segundo dia da sétima edição do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que ocorre esta semana em Natal (RN), o WWF-Brasil demonstrou, de diversas maneiras, o seu compromisso com o sistema de Unidades de Conservação brasileiro e levou sua contribuição aos diversos debates realizados durante o evento. A organização promoveu o lançamento de mais uma publicação – na segunda-feira, dia 24, outro livro já havia sido lançado – e participou de simpósios e reuniões técnicas, além de ter distribuído vários materiais impressos em seu stand, como relatórios, análises e estudos diversos.
Pouco depois do meio-dia, o “Panda” lançou a publicação “Quanto custa o programa Áreas protegidas da Amazônia? Uma modelagem financeira para as Unidades de Conservação do Arpa”. Publicado em parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), o livro tem como objetivo discutir o financiamento das Unidades de Conservação que fazem parte do programa, além de levantar outras questões sobre o levantamento, aporte e utilização de recursos no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
O analista de conservação do WWF-Brasil e um dos autores do livro, Samuel Tararan, afirmou que a redação da publicação foi um “processo difícil”. “Foram quase dois anos coletando dados, analisando, compilando… além disso, trabalhamos muito com estimativas, por exemplo, fazendo projeções para daqui a vinte anos”, afirmou. Samuel disse ainda que, apesar do livro tratar sobre modelagem financeira, não é apenas este o tema tratado em “Quanto custa….?”. “O conteúdo que reunimos ali serve também para quem trabalha com Unidades de Conservação, mosaicos e sistemas. E acho ainda que conseguimos sintetizar um tema complicado em um texto fácil e acessível”, disse o especialista.
É possível fazer o download da publicação aqui.
União contra as pressões ambientais
Num dos simpósios promovidos durante a tarde, a analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ana Rafaela D’Amico, explicou a proposta do Mosaico da Amazônia Meridional (MAM) – um conjunto de Unidades de Conservação situadas no “Arco do Desmatamento”, a região limítrofe entre Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, cujo objetivo é evitar que as pressões ambientais (grilagem, roubo de madeira, desmatamento, pecuária extensiva, entre outros) “subam” para o norte do País.
Ana Rafaela afirmou que a idéia do Mosaico surgiu após uma série de conversas ocorridas a partir de 2006 – assim que os gestores da área perceberam que um trabalho integrado, feito de modo coletivo, poderia otimizar recursos e maximizar resultados. Desde então, teve início uma articulação cujo propósito é permitir a realização de ações integradas, o planejamento ecorregional em larga escala e a funcionalidade dos ecossistemas daquela porção da Amazônia.
O WWF-Brasil teve um papel fundamental na criação e na implantação do Mosaico – e mais informações sobre o assunto podem ser obtidas aqui.
Gestão de Unidades de Conservação
O WWF-Brasil promoveu ainda, no fim da tarde, uma reunião técnica sobre Efetividade de Gestão de Unidades de Conservação, em que se discutiu sobre os métodos de avaliação de áreas protegidas no País. A analista de conservação Maria Ferreira fez um histórico dos métodos já utilizados no Brasil desde a década de 90, falou sobre a importância desta avaliação e as dificuldades existentes neste trabalho.
Mariana expôs ainda várias informações sobre o método Rappam (sigla em inglês para Rapid Assessment and Priorization of Protected Area Management), uma metodologia desenvolvida pela Rede WWF cujo propósito é avaliar as Unidades de Conservação brasileiras e identificar se elas estão cumprindo seus objetivos de conservação. O Rappam faz o levantamento de uma série de informações sobre as Unidades – ela afere, por exemplo, se elas têm um planejamento efetivo, se estão vulneráveis ou sofrendo ameaças e se possuem recursos suficientes para a realização de suas atividades.
O Rappam já foi adotado por vários governos estaduais e o próprio ICMBio já utilizou esta metodologia em seus trabalhos. Hoje, o Rappam já foi aplicado em 181 Unidades de Conservação estaduais e 292 federais. Por todo o País, são mais de 80% das Unidades brasileiras avaliadas pelo Rappam. Na Amazônia, são aproximadamente 90% de Unidades de Conservação avaliadas.
Fonte: WWF Brasil