O consultor britânico Simon Anholt, especialista em imagem internacional de países, concedeu durante o seminário A Imagem do País e a Promoção Turística Internacional, que ocorre em Brasília nesta segunda e terça-feira, a palestra Formação da imagem do país e seus impactos no turismo. Na abertura do seminário, o consultor destacou a posição do Brasil em 20º lugar como um dos países mais admirados no mundo. A posição de destaque foi conquistada na pesquisa realizada em 2009, por Anholt, que desenvolve o estudo desde 2005 e entrevista mais de 20 mil pessoas no mundo todo sobre a imagem de 50 países diferentes. O evento é promovido pela Embratur e organizado pelo Intituto Marca Brasil.

A 20ª colocação põe o país como o primeiro emergente da lista e o primeiro a conseguir figurar entre os 20 melhores colocados. Encabeçam a lista os Estados Unidos da América, a França e a Alemanha. Anholt explicou a avaliação da pesquisa é uma espécie de “Marca do país”, baseada em seis grandes temas que vão compor um hexágono para representar o Brasil, por exemplo. Os seis temas são: produtos daquele país, os governos, a cultura nacional, as pessoas, o turismo e os nvestimentos aliados à imigração recebidos por aqueles países. “Essa imagem, a reputação de um país, é seu bem mais valioso”, avalia.

Posição de destaque, mas frágil: O especialista utiliza um gráfico formado pelos seis temas para explicar que a situação de destaque do Brasil é frágil por estar concentrada especialmente em três fatores, o turismo, a cultura e as pessoas. São três temas que, segundo o consultor, “colocam o país como amado, mas isso não quer dizer respeitado”. O Brasil é visto como alegre, hospitaleiro e paradisíaco, mas peca quando se analisa o país como um produtor e exportador. A marca não está ligada à competência, eficiência ou alta tecnologia.

“O Brasil acaba lembrado como um país decorativo. Essa é a reputação errada para se alçar ao papel de um importante ator nternacional”, analisa o britânico. Outro perigo é a aproximação com a imagem negativa que a população tem da América Latina. Segundo o especialista, a grande maioria da população utiliza imagens um pouco baseadas em clichês sobre a maior parte dos países do mundo. Agora, o Brasil é visto de maneira destacada da imagem do continente.

Potencial: “As pessoas que entrevisto amam a ideia de marcas brasileiras, mesmo que não conheçam nenhuma”, comenta Anholt, que acrescenta que esse é um potencial imenso para a expansão de produtos brasileiros no exterior. O especialista destacou que existe uma terceira marca além da específica do produto. Assim, um aparelho da Sony teria também a marca Japão e um tênis da Nike, uma marca Estados Unidos. Porém, um produto com a marca Brasil só conseguiria ganhar destaque pela marca do país se houver um trabalho para melhorar a imagem em todos os seis aspectos. E essa iniciativa deve vir de todos os setores envolvidos no processo, não apenas do Governo ou da iniciativa privada.

Índices: No critério Produtos o Brasil aparece em 26º (era 27º em 2008). No tema Governo, passou de 26º para 24º lugar. Investimentos e imigração, 21º (23º). O destaque fica para Cultura, em que manteve a 10ª colocação. Em Turismo, passou de 13º a 12º. E em Pessoas, saltou de 20º para 17º. Segundo Anholt, a imagem de destaque do país nos critérios Cultura, Turismo e Pessoas é em grande parte responsabilidade do bom trabalho realizado na promoção do turismo brasileiro.

Artur Hugen