Apesar de ser um documento fraco e de ter sido rejeitado por vários países, o Acordo de Copenhague contém entendimentos políticos considerados importantes.
Essas assimilações devem ser incorporadas ao texto do chamado LCA, que debate o futuro regime de proteção ao clima em todo o mundo.
A esperança é que a meta de limitar o aquecimento a 2ºC e o fundo verde para o combate à mudança climática nos países em desenvolvimento –pontos do acordo- virem itens “oficiais”.
Mas Copenhague deixou também uma espécie de “ativo tóxico” que está causando celeuma entre os países ricos e aqueles que estão em desenvolvimento.
É a chamada ICA, sigla em inglês para Análise e Consultoria Internacional.
O termo foi criado pelo Acordo de Copenhague para designar a verificação das metas voluntárias de redução de emissões de poluentes adotadas pelos países em desenvolvimento e sem financiamento externo.
FMI AMBIENTAL
EUA, o Japão e outros países que estão no grupo dos desenvolvidos acham que a ICA deve ter cunho de debate político, no qual as ações verificadas seriam passíveis de cobrança –da mesma forma como o FMI (Fundo Monetário Internacional) prescreve políticas para vários países.
Já alguns países emergentes, como o Brasil, veem isso como uma ingerência externa e defendem que a ICA seja apenas um órgão técnico e não de regulação das políticas ambientais.
Como a ICA só vale para países em desenvolvimento, teme-se também que os EUA fiquem, mais uma vez, livres para adotarem suas ações de redução de CO² como, quando e se quiserem.
“O Brasil não tem problemas com transparência, mas tem problemas com análise do tipo que o FMI faz”, disse à Folha o embaixador extraordinário para a Mudança do Clima, Sérgio Serra.
FSP