Índios, pescadores e moradores do oeste do Estado protestam contra construção da usina e querem presença do governo

Entidades estimam 600 pessoas presentes na manifestação; concessionária afirma que preza pelo diálogo

AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM

O canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, em Vitória do Xingu (a 945 km de Belém), foi invadido ontem por um grupo de índios, pescadores e moradores do oeste do Pará.
Eles protestam contra a construção da usina e exigem a presença de integrantes do governo federal no local. Pedem também a paralisação da obra.
A manifestação foi organizada por entidades que participaram, nesta semana, de um seminário em Altamira (a 900 km de Belém) sobre os impactos da construção da usina de Belo Monte na região onde estão. Eles estimam em 600 pessoas os participantes do protesto contra a obra.
Os manifestantes também bloquearam a rodovia Transamazônica no km 52. A entrada no canteiro de obras, por volta das 5h, foi pacífica. Os seguranças da empresa, cientes já da manifestação, não tentaram bloquear os manifestantes.
Ainda ontem, porém, uma decisão liminar obtida pelo consórcio construtor da usina na Justiça paraense determinou a saída deles do local.
As entidades afirmam que os índios não estão dispostos a sair sem que alguém do governo federal compareça para ouvir suas demandas. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, outros grupos de índios estão se dirigindo ao local para dar apoio ao protesto.

OUTRO LADO
A Norte Energia, concessionária do projeto da hidrelétrica Belo Monte, afirmou em nota que “preza pelo constante diálogo com as comunidades localizadas na área de influência do empreendimento”. Em outro trecho, critica a ação dos manifestantes.
“Causa estranheza que o grupo de manifestantes, em sua maioria arrebanhados em outras regiões, liderado por pessoas movidas por interesses alheios aos nacionais, tenha ocupado uma área privada”, diz a nota.

OBRAS
A continuidade das obras no local está em discussão na Justiça Federal. O julgamento, que ocorria anteontem, foi adiado. Até agora, houve o voto de um desembargador a favor das obras e o voto de uma desembargadora contra as obras. Falta apenas o voto de desempate, que tem o poder de paralisar as obras.

fonte: folha de sp