Casas populares e unidades do programa Minha Casa, Minha Vida estão sendo construídas com tecnologia que utiliza aço e espuma “ecológica” nas paredes.

Além do aspecto ambiental, são apontados como vantagens o tempo de fabricação e a facilidade para produzir em grande escala.

O modelo, da empresa catarinense Fischer, em parceria com a indústria química Purcom, foi apresentado em conferência sobre tecnologias de proteção ao clima no centro de convenções da ONU (Organização das Nações Unidas), em Bancoc, em julho.

A espuma de poliuretano, desenvolvida pela Purcom, é usada como recheio de painéis de aço. “O material é feito sem utilização do gás HCFC (hidroclorofluorcarbono), o que garante padrão de sustentabilidade à produção”, diz Giuseppe Santanchè, diretor comercial da Purcom.

O gás, também utilizado em aparelhos de ar condicionado e de refrigeração, terá o consumo limitado a partir do próximo ano, até ser abolido pelo Brasil, em 2040.

As casas são feitas em quatro dias, segundo Jonathas Beber, engenheiro de produtos da Fischer. Pelo método tradicional, o prazo para entregar unidades de 39 metros quadrados é de cerca de 120 dias, de acordo com o arquiteto Leonardo Pinheiro Nardella, que faz projetos de imóveis populares.

“O material é vantajoso por ser resistente ao fogo, por dar isolamento acústico e por proporcionar conforto térmico”, afirma Santanchè.

Por outro lado, há dificuldades, como pouca flexibilidade para fazer modificações na planta, o que dificulta reformas, dizem especialistas. No que diz respeito ao acabamento, é possível ver os encaixes dos painéis.

MODELOS

A empresa oferece quatro modelos de unidades, que vão de 39,41 m² a 69,5 m². A menor delas está enquadrada no programa Minha Casa, Minha Vida. O projeto foi aprovado pela Caixa Econômica Federal no fim de 2010. O custo varia de R$ 28 mil a R$ 33 mil.

Beber diz que a Fischer está também finalizando a homologação de um projeto para a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo).

“Até agora, foram montadas duas casas protótipo, uma em São José dos Campos (SP) e outra em Brusque (SC).” A previsão é entregar 2.000 unidades, diz o engenheiro. A CDHU confirmou que o projeto está em análise e poderá ser utilizado após qualificação do sistema.

SUSTENTÁVEL

A espuma “ecológica” da Purcom foi validada em 2010 pela ONU. Além do setor da construção civil, o material é utilizado por indústrias como a automotiva, na fabricação de volantes e tapetes.

Segundo o analista de programa do Pnud (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas), Anderson Alves, ainda há poucas empresas no país que desenvolvem tecnologias de baixo potencial de aquecimento global com custo acessível. “O leque ainda é muito reduzido.”

MARIANA SALLOWICZ

Fonte: Folha de S. Paulo