Um macho de galito (Alectrurus tricolor) faz uma pausa em seus voos de exibição em Itirapina, no interior de São Paulo. O formato da cauda faz com que pareça um aviãozinho quando voa, e o padrão preto e branco o destaca no céu. Em contraste, as fêmeas são bem mais discretas e têm cauda “normal”.
Caudas, chifres, cores, formas, vozes, danças, extravagantes investimentos que, à primeira vista, tornam mais difícil a vida de seus possuidores. Todavia, em muitas espécies, são sinais utilizados pelas fêmeas para escolher parceiros de alta qualidade, que se tornarão pais dos futuros filhotes. O poder das fêmeas, a seleção sexual, é uma força evolutiva poderosa. Explica porque o galito e o pavão têm caudas extravagantes e também porque, entre os humanos, existem Ferraris.
O galito é uma ave exclusiva dos campos do Cerrado meridional na Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil, aqui ocorrendo em Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Da fisionomia do Cerrado, os campos são a parcela mais destruída. Tratam-se das áreas onde o Cerrado mais perdeu área para a expansão do agronegócio. Em São Paulo resta algo como 1% da área original de Cerrado, do qual a maior parte foi substituída por pastagens, laranjais (hoje em declínio devido a doenças), canaviais e plantações de eucalipto.
O galito é considerado ameaçado de extinção no Brasil e criticamente em perigo em São Paulo, onde esta foto foi feita. Itirapina, onde há uma estação ecológica, abriga alguns dos últimos remanescentes de campos cerrados do estado e também variadas espécies ameaçadas e endêmicas dessa porção quase exterminada do bioma. Um bom lugar para visitar e para avistar estas espécies enquanto elas existem.
Fabio Olmos
Fonte: Site o eco