Para quem não conhece, os arbustos e árvores baixas podem até dar a impressão de que a área foi desmatada recentemente, mas o chamado cerrado amazônico é tudo menos isso. São campos considerados minas de ouro para cientistas – viveiros da biodiversidade amazônica.

Foi em uma dessas regiões de cerrado amazônico que uma nova espécie de gralha foi registrada pela primeira vez pelo pesquisador Mario Cohn-Haft, há menos de um ano. Ao longo da BR-319, há diversos campos como estes, que podem ser vistos em imagens de satélites.

Eles aparecem como manchas amarelas que – para os leigos, é bom repetir – podem parecer focos de desmatamento. A diferença é que esses tais “focos” ao longo da BR-319 ficam em locais bastante inacessíveis.

Só se chega até eles com um mateiro e várias horas abrindo trilhas floresta adentro. Por isso é que decidimos pegar um atalho: fomos até o recém-criado Parque Nacional do Mapinguari.

Lá vimos cotias, araras, muitas andorinhas, papagaios e até rastros de anta, o maior mamífero da América do Sul. Da “nova” gralha, nada. Mas tudo bem, tivemos uma bela impressão do que os inimigos da reabertura da BR-319 dizem estar sob risco de sobrevivência, caso ela realmente seja inteiramente recuperada.

A partir desta segunda-feira, vamos começar a encontrar as pessoas que vivem às margens da rodovia, muitas vezes em condições de pobreza com enormes dificuldades de acesso a serviços básicos, como saúde e educação.

Não vou ficar surpreso, se descobrir que para essas populações, a importância da incrível biodiversidade amazônica fique em segundo plano, diante da necessidade de, por exemplo, chegar rapidamente a um hospital.

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