Bactérias foram descobertas em lago sob camada de 1 km de gelo.
Descoberta ajuda a levantar hipóteses sobre vida fora da Terra.
Do Globo Natureza, em São Paulo
Cientistas dizem haver encontrado, pela primeira vez, evidências de bactérias vivas abaixo de uma grossa camada de gelo da Antártica, com aproximadamente 1 km de espessura.
A descoberta, anunciada nesta semana, foi feita por pesquisadores de um projeto da Fundação Nacional para a Ciência dos EUA (NSF, na sigla em inglês) que conta com a participação de várias universidades. O achado ocorreu em um lago gelado, situado abaixo de uma camada de neve do continente – o chamado Lago Whillans.
Em entrevista ao jornal “New York Times”, pesquisadores atestaram a importância da pesquisa, que pode ter encontrado a “primeira imagem de um vasto ecossistema de vida microscópica em lagos subterrâneos na Antártica”, segundo o periódico.
“A descoberta transforma a forma como vemos o continente antártico”, disse o pesquisador John Priscu, da Universidade Estadual de Montana, ao jornal. Para atingir o fundo lago, os cientistas usaram um sistema de perfuração com água quente, tecnologia desenvolvida para prevenir contaminações.
Após coletar água e sedimento, os cientistas analisaram as amostras e encontraram micro-organismos vivos e ativos. Mais testes, incluindo análises de DNA, são necessários para saber que tipo de bactérias foram encontradas e como elas vivem. Não há luz, então provavelmente os seres unicelulares dependem de matéria orgânica trazida ao lago por outras fontes.
Vida em outros planetas
Os pesquisadores acreditam que a descoberta pode ajudar a entender e levantar hipóteses sobre a existência de vida ou não nas luas geladas de planetas como Júpiter e Saturno. “Se os micro-organismos estiverem usando uma fonte de energia local, pode ser interessante” como um possível paralelo para a vida extraterrena, disse o pesquisador Chris McKay ao “New York Times”.
O projeto, chamado Whissard, levou anos para ser planejado e executado e custou US$ 10 milhões da NSF. Trata-se de um dos três programas internacionais para estudar lagos sob o gelo na Antártica, diz o jornal. Outros dois projetos são mantidos pela Rússia e pela Grã-Bretanha.
Os pesquisadores acreditam que o lago Whillans é diferente de outros estudados por estar em uma região mais superficial – a 1 km abaixo do gelo – e porque sua água é “renovada” a cada década com outras fontes, como o gelo que derrete da camada acima do lago.
Fonte: g1.globo.com