Comemorado em 15 de outubro, Dia Internacional da Mulher Rural chama atenção para a importância das mulheres para o desenvolvimento no campo

Verônica Lima

A presença das mulheres na agricultura familiar tem se destacado a cada ano mais, com o reconhecimento da importância do gênero feminino na dinâmica das áreas rurais no Brasil e no mundo. Desde 2008, comemora-se em 15 de outubro o Dia Internacional da Mulher Rural. A data foi estabelecida pela Assembleia Geral da ONU em dezembro de 2007, com o objetivo de estimular a reflexão sobre a importância das mulheres no desenvolvimento das áreas rurais, na melhoria da segurança alimentar e na erradicação da pobreza.
No Rio de Janeiro, segundo dados do último Censo Agropecuário (2006), mais de 23 mil mulheres se dedicam à agricultura familiar, o que equivale a um terço de toda a mão de obra do segmento. No Rio Rural, programa da secretaria estadual de Agricultura, a proporção é praticamente a mesma: as mulheres representam quase 30% dos beneficiários dos recursos, que incentivam práticas ambientalmente adequadas no campo.
O protagonismo das mulheres no desenvolvimento de uma agricultura familiar sustentável ocorre graças a exemplos como o de Alessandra Silva, do município de São José de Ubá, no Noroeste Fluminense. Beneficiária do Rio Rural, ela aceitou o desafio de continuar a tradição da família de produzir alimentos, buscando sempre melhorar. “Antigamente, as pessoas achavam que mulher servia apenas para cozinhar, lavar e cuidar dos filhos. Hoje somos donas do nosso destino e sabemos que temos o mesmo direito”, ressalta.
Segundo a técnica executora do Rio Rural em Ubá, Norma Lúcia Vieira, o trabalho de extensão rural é muito importante para a valorização das mulheres. “Hoje, já temos vários exemplos de mulheres que trabalham na roça e cuidam da aparência, cultivam autoestima. Mas nem sempre foi assim. Com o nosso trabalho, vejo que aos poucos as mulheres têm compreendido sua força, e estão vencendo os tabus, buscando sua independência e transmitindo seu legado”, observa a extensionista.
Norma conta que, mesmo que ainda exista preconceito, as mulheres se destacam pela facilidade em adotar novos hábitos e promover avanços. No caso de Alessandra, a diversificação das culturas, com a produção de tomates, quiabo e outras hortaliças, melhorou a qualidade vida, garantindo renda o ano todo. E além do êxito econômico, a produtora, como tantas outras mulheres rurais, tem orgulho de criar seu filho sozinha. “Faço questão de ensinar para ele que a mulher tem os mesmos direitos. Essa data [Dia Internacional da Mulher Rural] é muito boa para mostrar que homens e mulheres têm a mesma importância”, destacou a agricultora.
Para o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, o avanço da participação da mulher é muito importante para o fortalecimento da agricultura familiar. “As mulheres são, a cada dia mais, parte essencial das transformações que visam o desenvolvimento no campo. Elas estruturam as famílias rurais e acolhem, como ninguém, a causa da sustentabilidade”, salientou o secretário.