Investigação revelou uma espécie de mensalão na Assembleia Legislativa

Acusado de ser o chefe do esquema, presidente do Legislativo foi preso em operação; outras 14 pessoas foram detidas

MATHEUS MAGENTA
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO)
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

Uma investigação conjunta do Ministério Público de Rondônia e da Polícia Federal sobre fraudes em licitações e contratos públicos no Estado apontou que uma deputada estadual cobrou propina via torpedos de celular.

Segundo a Folha apurou, a deputada Ana Dermani de Aguiar (PT do B) enviou mensagens ao presidente da Assembleia Legislativa, Valter Araújo (PTB), para cobrar o “compromisso” com o “dindin”, passar o número de sua conta bancária e depois agradecer o pagamento.

A investigação identificou uma espécie de mensalão na Assembleia, com repasses regulares feitos por Araújo a sete dos 24 deputados estaduais. Os pagamentos chegavam a quase R$ 60 mil.

O presidente da Assembleia, apontado como chefe do esquema, foi preso em operação da PF. Outras 14 pessoas foram detidas, entre servidores e empresários.

Os demais deputados, de seis partidos, tiveram apenas documentos apreendidos.

Promotoria e PF estimam que o esquema tenha desviado ao menos R$ 15 milhões.

Empresas em nome de laranjas eram usadas para fraudar licitações e contratos no Detran e nas secretarias de Saúde e de Justiça.

Quase 40 pessoas devem ser indiciadas. Elas vão responder por crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, extorsão e tráfico de influência.

A Folha apurou também que a investigação flagrou, por meio de escutas autorizadas pela Justiça, um deputado recebendo conselhos sobre como guardar dinheiro de propina dentro da meia para sair com o montante da Assembleia sem ser percebido.

Outra escuta flagrou José Miguel Saud Morheb dizendo ter explicado a sua mulher que “propina não é desperdício, propina é investimento”. Ele foi preso na operação.

fonte: folha de sp