Quase cinco anos atrás a Indústria Metalúrgica e Mecânica da Amazônia (Imma) chegava a Porto Velho, iniciando um novo marco na história comercial da Capital e do estado de Rondônia. Até então nenhuma metalúrgica pesada, com capacidade de larga produção, havia instalado unidade na região norte do Brasil.Toda essa estrutura esteve aberta ontem para visitação da imprensa. Engana-se entretanto quem pensa que a Imma deixará o Estado com o término das obras de Santo Antônio e Jirau. “Quem, em sã consciência, construiria uma estrutura destas para depois de uns anos desmontar e ir embora?”, indaga o diretor da empresa, Luiz Hercos. Segundo ele esta possibilidade não existe nos planos da empresa, que ambiciona passos mais largos no território rondoniense.

Hercos informa já haverem novos pedidos que garantem à empresa sua sobrevivência por no mínimo 24 meses. “Trabalhamos com a Santo Antônio e ela está em fase final, faltando apenas 20% para ser encerrada. Mas já estamos trabalhando com peças para a usina de Teles Pires (MT), Belo Monte (PA) e Santo Antônio do Jari (AP). Esta produção nos garante por mais dois anos”, ele confirma.

A planta do empreendimento que custou 35 milhões de euros possui 253 mil metros quadrados, sendo 25 mil para a fábrica que tem capacidade para produção de 12 mil toneladas de bens ao ano, voltado para projetos de hidroeletricidade. A unidade produz, inclusive, as maiores comportas para projetos hidrelétricos do mundo, com 300 toneladas cada. Por mês são cortadas 900 toneladas de aço, que produz hidromecânicos e equipamentos de levantamento.

ESCOAMENTO

A despeito da má fama logística que o Estado possui, o diretor conta que este foi um dos principais pontos para que a Alstom e a Bardella, fundadoras da Imma, optassem pela capital rondoniense. “Temos facilidade no escoamento da nossa produção pelos oceanos Atlântico e Pacífico. Uma equipe da empresa viajou pela Transpacífico e constatou que ela já é uma realidade. Para os nossos planos de vender para os estados da região norte, para a América Latina e América do Norte, Porto Velho é o local ideal”.

Ele explica que para as novas produções, destinada as usinas do Pará e Amapá, o porto da Capital será o meio de escoamento utilizado para o transporte. “Na nossa área o transporte fluvial é sempre mais vantajoso, seguro e o porto da cidade já é uma realidade também para nossa empresa”, disse.

Luiz Hercos é mais otimista e garante que a mesma visão estratégica que fez a empresa instalar-se na região continua quanto ao futuro. “Em 2005 passei aqui para trabalhar no projeto desta planta. Três anos depois começou a construção e hoje a produção caminha a passos largos. Na nossa visão Porto Velho está no caminho para se tornar um polo de desenvolvimento e isso já tem se tornado realidade”.

DESENVOLVIMENTO DO MERCADO LOCAL

Além de trabalhar na produção de mecanos-soldados, a Imma também prevê investimentos e formação de mão de obra, como forma de manter seus serviços e contribuir no desenvolvimento do mercado local. “Na realidade regional predomina a agricultura e extrativismo, o que foi um desafio num primeiro momento. Não havia mão de obra especializada e nós nos juntamos ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Estado para desenvolver esta inclusão social”, explica a gerente de recursos humanos, Karina Lapido.

O projeto que se chama Guaporé já treinou mil pessoas, das quais 600 chegaram a ser contratadas pela empresa. “Mas fazer o curso não significa uma obrigação de trabalhar conosco. É nosso interesse que o mercado se desenvolva, até para que hajam fornecedores de peças que não produzimos aqui, mas que são necessárias para nossos produtos”, salienta Karina.Ela garante que 85% da mão de obra utilizada hoje na Imma provém deste programa e que dos 518 funcionários ativos na empresa, 66% são da região norte do País. “Queremos ser reconhecidos também por capacitar pessoas e desenvolver os locais onde estamos inseridos, como temos feito aqui em Porto Velho”, acena Karina.

O projeto Guaporé entrará agora na sua sexta turma, com previsão de início para a segunda quinzena de agosto. Diferente dos anteriores, este estará voltado para inclusão de deficientes físicos e para todo e qualquer interessado. “Queremos preparar cerca de 30 pessoas para algumas funções específicas, como a de manutenção predial e soldador”, adianta.

 

Raphael Vaz