A pedido de VEJA.com, o ambientalista Ricardo Cardim aponta dez exemplares que vale a pena conhecer neste Dia da Árvore – ou em qualquer outro dia

Jequitibá-branco do Parque do Trianon: remanescente centenária da mata de São Paulo (Clayton de Souza/AE)

Jequitibá-branco do Parque do Trianon: remanescente centenária da mata de São Paulo (Clayton de Souza/AE)

Dia da Árvore não é muito mais que uma data escolar – eventualmente capturada por um ou outro protesto ou ato público de ocasião. E não ajudou nada o decreto de 1965 que substituiu o 21 de setembro por uma certa Festa Anual das Árvores, a se comemorar em março no Norte e Nordeste e em setembro no resto do país, em atenção a diferentes ‘características fisiográfico-climáticas’.

O objetivo do decreto, vazado na linguagem típica daqueles anos, era divulgar a ‘importância das árvores no progresso da Pátria e no bem-estar dos cidadãos’. Um fracasso fácil de explicar: no registro histórico, a ideia dominante de ‘progresso da Pátria’ sempre rivalizou com ‘importância das árvores’.

Fernando Moraes

O ambientalista Ricardo Cardim, à frente da Figueira das LágrimasO ambientalista Ricardo Cardim, à frente da Figueira das Lágrimas

O ambientalista Ricardo Cardim coleciona há anos histórias deste embate (‘injusto’, diz) entre o verde e o concreto. Em particular, escolheu as disputas travadas em São Paulo, onde o botânico nasceu e cresceu. ‘As pessoas tendem a achar que meio ambiente é Amazônia, é crédito de carbono etc.’, explica. ‘Meio ambiente é o lugar onde você vive’.

Parte da pesquisa de Cardim pode ser conferida no blog Árvores de São Paulo, uma divertida intersecção entre botânica, cultura e história que ele pretende publicar em livro, que já tem nome (‘Almanaque do Verde Paulistano’), mas ainda aguarda editora.

São histórias como a da Figueira das Lágrimas, a mais antiga árvore documentada de São Paulo, que marcava o limite da cidade e o ponto de despedida dos viajantes que desciam o Caminho do Mar – daí as lágrimas. Ou dos cambucis do bairro homônimo, onde hoje só se avista um exemplar adulto. Ou da melancia campestre, para sempre varrida dos antigos campos do Butantã.

A pedido de VEJA.com, Cardim apontou dez árvores de interesse histórico e botânico que resistiram – e ainda resistem – ao ‘progresso da Pátria’ e que vale a pena conhecer neste Dia da Árvore – ou em qualquer outro dia. Confira clicando aqui.

 

Fonte: VEJA