Ela protege uma das mais ricas biodiversidades do mundo, oferece locais de beleza cênica sem igual, contribui com o fornecimento de água para mais da metade da população brasileira e na regulação do clima de algumas das maiores cidades do país. É impossível falar da Mata Atlântica, uma das florestas mais exuberantes do mundo, sem usar superlativos para dimensionar sua importância e evidenciar sua urgente proteção. Restam apenas 7% do bioma em seu estado natural e 60% dos animais ameaçados de extinção do país dependem desse ambiente para sobreviver.
Na quarta-feira, dia 27 de maio, comemorou-se o Dia da Mata Atlântica. A data marca a necessidade de barrar o desmatamento, recuperar o que foi degradado, ampliar o número de áreas protegidas, públicas e privadas, e melhorar a gestão daquelas que já existem. Os principais núcleos de resistência da floresta são as áreas já protegidas, ou seja, parques públicos e reservas particulares criados por lei.
Setenta anos depois de criada a primeira unidade de conservação – o Parque Nacional do Itatiaia – para evitar a destruição de trechos fundamentais do bioma, agora o desafio é aperfeiçoar a infraestrutura e modelo de gestão dos parques para que o visitante destas áreas passe a ser mais um aliado na conservação da Mata Atlântica.
“À medida que as pessoas conheçam e descubram para que servem as unidades de conservação e a relação direta dessas áreas com sua qualidade de vida, elas passarão a apoiar e contribuir para que elas se perpetuem, tornando-se aliadas da conservação ambiental”, aposta a coordenadora do Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil, Luciana Simões.
Sistema será criado para minimizar impactos
No estado de São Paulo, onde se encontram os maiores trechos florestais em bom estado de conservação, especialistas iniciam em junho atividades em três parques estaduais – Intervales, Serra do Mar e Itinguçu. As informações como largura e condições das trilhas, presença de lixo, e outros possíveis impactos vão compor os testes essenciais para, de um lado, controlar e prevenir o impacto da visitação e, de outro, melhorar as condições para que as unidades de conservação possam melhor receber as pessoas que queiram conhecer e proteger a Mata Atlântica.
Com os testes pilotos espera-se criar um sistema de monitoramento para ser incorporado por todos os 29 parques paulistas que recebem por ano 1,2 milhões de visitantes. Neste primeiro semestre de 2009, o projeto prevê ainda a capacitação das equipes dos parques sobre o acompanhamento e a manutenção das trilhas até os atrativos naturais como cachoeiras, riachos, formações rochosas etc.
Conforme Luiz Roberto Oliveira, técnico da Fundação Florestal, o principal objetivo não é aumentar a visitação destas áreas, mas “oferecer aos visitantes melhores atrativos, informação e segurança, propiciando que os parques tenham os meios para garantir a conservação desses recursos naturais”.
O projeto de melhoria das unidades de conservação desenvolvido em parceria entre WWF-Brasil e Fundação Florestal soma-se a um conjunto de medidas propostas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo para aprimorar a gestão dos parques e consolidar a vocação turística sustentável dessas áreas. Além de estudos para evitar e minimizar os impactos da visitação, será realizado o levantamento do potencial econômico dos produtos turísticos e o investimento na infraestrutura receptiva (centro de visitação, sinalização, instalações sanitárias, trilhas suspensas) dos parques.
Patrimônio biodiverso
A complexa interação entre as correntes oceânicas e o relevo de altitude da costa brasileira resultou numa das regiões naturais de maior biodiversidade do planeta. Caracterizada por diferentes ecossistemas, como exuberantes florestas, campos de altitude, mangues e restingas, a chamada Mata Atlântica originalmente cobria todo litoral brasileiro, ao longo de 1,3 milhões de quilômetros quadrados.
Toda essa riqueza de ambientes também repercutiu na formação de um berçário de espécies únicas. Nestes bolsões de biodiversidade são encontrados nada menos de 7% das espécies mundiais de animais e plantas, que vivem sob intensa ameaça numa das áreas mais populosas do país.
“Pela sua importância em escala global, como uma das florestas mais biodiversas e ameaçadas do mundo, ações para a conservação da Mata Atlântica significam manter um patrimônio fundamental não só para o país, mas para o planeta”, ressalta a secretária geral do WWF-Brasil, Denise Hamú.
O WWF-Brasil é uma organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.
Saiba mais no site www.wwf.org.br/diadamata
Sandra Damiani - Assessora de Comunicação do Programa Mata Atlântica