Diariamente são produzidos no Brasil em média 750g por habitante. Desse montante, papel, metais, vidro e plásticos podem ser reciclados, quando separados adequadamente. O que sobra é lixo orgânico – para o qual as cidades não têm outra destinação a não ser aterros sanitários – onde o lixo se decompõe gerando gases nocivos para o meio ambiente e para a população, e o espaço para os aterros também já está se esgotando.
Depois de 8 anos de pesquisas financiadas pela Propower Energy, de Luciano Prozillo, pesquisadores e cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina e Mato Grosso desenvolveram uma tecnologia capaz de tratar resíduos urbanos, orgânicos, hospitalares, industriais e ainda gerar energia e combustível a partir deles.
“O lixo é um problema global que deve ser resolvido com atitudes de indivíduos, dentro de casa. O aterro sanitário não é inteligente. Afinal, um grande volume de lixo que pode ser fonte de energia é dispensado.”, diz Luciano Prozillo. “O que oferecemos é uma solução de remediação capaz de diminuir a demanda por aterros sanitários e ainda gerar energia autossustentável. Essa é a essência desse empreendimento.”, completa.
O processo elaborado pelo projeto envolve a utilização de micro-ondas, tecnologia já utilizada para inúmeras aplicações no mundo todo, porém nunca voltada para o processamento de lixo. “Trata-se de uma solução imediata, barata, inédita e inovadora”, diz Prozillo.
Processo
Ao invés de ser depositado em um aterro, o lixo urbano, hospitalar ou industrial, é encaminhado para uma “Unidade de Tratamento de Resíduos Urbanos”, onde o sistema de processamento começa em uma esteira de triagem, onde são separados os metais do restante do lixo. Depois da esteira, todo o material é triturado e levado ao “Reator de Micro-ondas”.
Dentro do Reator, o lixo é aquecido a uma temperatura controlada, a maior parte da água retirada e é completamente esterilizado. Esse processo é rápido e seu resultado, uma biomassa sem cheiro e sem contaminação, é transferida para uma Unidade Termogeradora que produzirá energia elétrica para o sistema.
O balanço energético é positivo: o sistema consome internamente 15% do conteúdo energético, sendo assim totalmente autossustentável. O saldo de 85% restantes são distribuídos para o sistema ou podem ser aplicadas em outros processos – dependendo de onde a unidade está instalada (Cidades, Indústrias ou Hospitais).
Além da transformação em energia, outro processo associado à “Unidade de Tratamento de Resíduos Urbanos” é o Craqueamento do plástico, que por sua vez, gera combustível. “Para a geração de combustível, separamos o plástico na triagem e após uma reação termocatalica recupera-se as formas originais de hidrocarbonetos, sendo uma fração diesel e a outra, gasolina”, explica Luciano.
“Não se trata de biodiesel, mas do reaproveitamento de hidrocarbonetos contidos no material original, menos agressivo por não conter enxofre. O índice de conversão vai de 75% a 98%, dependendo do material utilizado.”, explica Luciano.
As Unidades são moduladas em cerca de 50 toneladas de lixo por dia, dependendo da demanda do município ou empresa. O primeiro projeto piloto está sendo instalado na cidade de Matozinhos em Minas Gerais e há negociação para a cidade de Itu, no interior de São Paulo. Algumas demonstrações oficiais vêm sendo realizadas em algumas cidades para apresentar o processo a prefeitos e assessores de tecnologia.
“Para a implantação em pequenos municípios, para onde essa solução é mais adequada, é preciso incentivo do Governo.”, diz Luciano Prozillo, da Propower Energy. Em Minas Gerais, foram disponibilizados pelo Fhidro (Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais), 20 milhões de reais para investimento em novas tecnologias. Valor aplicado em duas unidades de tratamento em municípios do entorno de Belo Horizonte e Bacia do Rio das Velhas. “Esperamos movimento semelhante em outras cidades.”, completa Prozillo.
Revista Ecoturismo