A aeronave de transporte e reabastecimento aéreo KC-390 é o maior projeto feito pela empresa brasileira
Já existem mais de 20 parceiros definidos, incluindo 2 empresas portuguesas, uma tcheca e uma argentina
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
A Embraer espera terminar em 2012 a “fase de definição conjunta” (“joint definition phase”) dos principais sistemas do seu maior projeto de avião, a aeronave de transporte e reabastecimento aéreo KC-390, completando a lista de empresas parceiras e fornecedoras.
Trata-se do primeiro grande projeto multinacional na área de aviação em que uma empresa brasileira é a principal envolvida. A Embraer participou com duas empresas italianas do desenvolvimento do avião de ataques AMX, mas era a parceira menor.
Já passam de 20 os principais parceiros e fornecedores já definidos, nacionais e internacionais (veja ilustração). Os últimos a serem anunciados foram duas empresas de Portugal.
A Embraer Defesa e Segurança e as empresas OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) e EEA (Empresa de Engenharia Aeronáutica) assinaram contratos de parceria, em 14 de dezembro, para o programa KC-390. A EEA projetará componentes que serão fabricados na OGMA, uma subsidiária da Embraer.
Outro importante parceiro europeu é a empresa tcheca Aero Vodochody, que também participa da fase de definição conjunta dos parâmetros do avião e fornecerá uma seção da fuselagem traseira, as portas para tripulação e pára-quedistas, além de escotilhas e o bordo de ataque fixo das asas.
“O envolvimento desses países é importante para a expansão do KC-390”, diz Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança. Os acordos com os tchecos e portugueses “abrem as portas para o KC-390 no mercado europeu”, diz ele.
O setor de defesa e segurança aumentou sua participação na receita da Embraer, de 6% em 2006 para 14% em 2011, segundo Aguiar.
Outro parceiro já definido é a Fabrica Argentina de Aviones (FA de A). Os argentinos fabricarão “spoilers” (superfícies móveis na asa para controle de sustentação), portas do trem de pouso do nariz, porta da rampa, carenagem dos flaps, cone de cauda e armário eletrônico.
A Embraer estima que o primeiro KC-390 deverá ser construído em 2013, com o primeiro voo em 2014. Está prevista a produção inicial de 28 aviões para a Força Aérea Brasileira (FAB), oito para a argentina e dois para a tcheca. “Mas já temos cartas de intenção para 60 aeronaves”, disse o presidente da Embraer Defesa e Segurança. Os outros países interessados no avião de transporte são Chile (seis aeronaves), Portugal (seis) e Colômbia (12).
A Aero Vodochody colabora com a Força Aérea Tcheca há 80 anos; a FA de A argentina também tem uma história antiga, tendo fabricado o avião de ataque leve Pucará, usado na guerra das Falklands/Malvinas em 1982.
Como a Colômbia e o Chile já sinalizaram a “intenção de compra” desses aviões, é provável que indústrias desses países entrem na cadeia produtiva do KC-390.
Em um workshop recente em São José dos Campos, onde é sediada a Embraer, cerca de 80 empresas brasileiras e a FAB discutiram a integração da indústria nacional na produção do novo avião.
Estima-se que o índice de nacionalização da aeronave atinja 60% -ou 80% se tirado o motor, que o Brasil não fabrica e responde por cerca de um terço do custo total.
O KC-390 é um jato de dois motores, mas foi projetado para substituir o popular quadrimotor turboélice Hercules C-130 americano, um dos mais utilizados no mundo, inclusive pela FAB.
A escolha do motor, anunciada em julho passado, foi um dos marcos mais importantes da fase de definição.
Foi escolhido um motor robusto e confiável -mais de 5.500 modelos já foram fabricados e operam em setenta países-, o V2500-E5, do consórcio multinacional International Aero Engines, formado por Pratt & Whitney (EUA), Rolls-Royce (Reino Unido), Japanese Aero Engine Corporation (Japão) e MTU Aero Engines (Alemanha).
fonte: folha de sp