“Deixamos de ser expectadores. Agora somos protagonistas”

Marcia Rosa prefeita de Cubatão

Marcia Rosa de Mendonça Silva Prefeita de CubatãoUma semana depois de realizar o Terceiro Ato de Gestão Transparente de seu governo, a prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), concedeu entrevista a A Tribuna onde comentou os seis primeiros meses no comando do Poder Executivo municipal.

Ela destacou as conquistas deste semestre, lembrou das dificuldades geradas pela crise da economia mundial, que fizeram com que a arrecadação do Município nesse período fosse menor que a prevista e negou que a Prefeitura tenha sido tomada por “gafanhotos”.

Na visão da prefeita, o primeiro semestre do seu governo foi um período de ajuste, mas também de muitas realizações. Confira a seguir, trechos da entrevista.
A situação de Cubatão, quando a sra. assumiu a Prefeitura, era o que esperava ou estava pior?

Na verdade, nós tínhamos uma avaliação do quadro do Município, de seus problemas, das suas carências, bem como das suas potencialidades.

E estamos focando nisso: potencializar o que temos de bom, que são os setores comercial, industrial, turístico, de prestação de serviço e de lazer.

Um dos problemas crônicos que tínhamos era o transporte público.

Transporte público foi melhorado
Hoje temos uma outra empresa, com 43 ônibus novos, sendo que nove deles com acessibilidade. Isso gerou empregos. O novo modelo de transporte não só garantiu mais segurança e conforto como contribuiu para a abertura de 250 novos postos de trabalho.

O Pacto pelo Emprego
O programas Pacto pelo Emprego e Pró-Comércio também representam um grande avanço para o Município. Com esses programas, chegamos a quase 4 mil novos empregos. E isso em um momento de crise.
A Educação continua sendo um problema, pois faltam professores e há escolas deterioradas.

O que está sendo feito pelo seu governo para reverter essa situação?

Educação
Fizemos um mapeamento de todas as escolas e de tudo que é preciso fazer. Dividimos em grau de necessidades para iniciar a recuperação desses prédios. Outra questão que nos preocupava era a falta de professores para atender a necessidade do Município. Para sanar esse problema, abrimos um concurso público para contratar professores e, no segundo semestre, iremos corrigir essas distorções.

Ainda na Educação, nesses seis meses criamos 300 vagas em creches. Inauguramos a creche da Vila dos Pescadores que estava há dois fechada. Finalizamos a obra, fazendo as adaptações exigidas pelo Corpo de Bombeiros, em 40 dias. Aliado a isso aprovamos a Bolsa Educação Infantil e estamos na fase do cadastramento das entidades.
A sra. sempre falou em políticas sociais.

Elas estão sendo colocadas em prática pela sua administração?

Assistência Social
Iremos inaugurar até o fim do ano quatro novos Centros de Referência da Assistência Social (Cras).

Bolsa Família
Conseguimos ampliar o atendimento do Bolsa Família de 4.296 famílias, para 6.133. Aumentamos em quase 50% e com a previsão de inclusão, até o fim do ano, de mais 2.000 famílias.

Quero afirmar que o nosso governo não se pauta meramente pelo assistencialismo; procuramos reintegrar essas pessoas à sociedade. Todos esses recurso que vêm por meio do Bolsa Família; representa dinheiro circulando na economia local e isso aquece o comércio e se transformando em geração de emprego.
Quando a sra. era vereadora criticava o baixo valor do abono concedido ao servidor pelo governo Clermont Castor.

E, também, defendia incorporação do benefício aos salários. Mas, como prefeita, manteve os mesmos R$ 300,00…

Sou contra a política de Abonos e sim a valorização do funcionário.

Sempre fui contra o abono. Sempre defendi uma política de valorização do funcionário. Mas passamos por um período difícil, de queda de arrecadação, sequestro nos cofres públicos, pagamento de dívidas antigas. Mesmo assim, não deixamos o trabalhador sem o abono. O servidor recebeu em janeiro porque nós garantimos.

Foi o primeiro projeto de lei que enviei à Câmara. Assumi a Prefeitura em meio a tanta crise e turbulência, mas garanti que ninguém fosse prejudicado. Era um momento em que não havia condições de fazer uma reforma administrativa, de rediscutir o plano de cargos e salários, mas garanti o abono de janeiro fevereiro e março. Após esse período, contudo, fomos surpreendidos por uma crise econômica que até hoje ainda não é possível avaliar a sua dimensão. Não podíamos assumir um compromisso porque não tínhamos receita.

Arrecadação do município em Baixa.
A nossa arrecadação era muito abaixo do que havia sido prevista. Não tínhamos condições de fazer qualquer tipo de discussão. Naquele momento a receita continuava caindo. Tínhamos dúvidas se poderíamos manter o abono, pois se pagássemos poderiam infringir a lei de responsabilidade fiscal.

Esperei até o último minuto para receber o balanço da arrecadação do ICMS para ordenar o pagamento do abono. Fizemos todo o esforço possível, mas lidar com um imprevisto que atingiu, não somente Cubatão, mas praticamente todo mundo, é uma tarefa quase impossível.
E agora, como estão as finanças?

Finanças agora mais equilibradas.
Conseguimos equilibrar a receita economizando.

Primeiro balanço positivo dos últimos 30 anos.
Fizemos algo que em 30 anos não havia sido realizado. Fechamos o balanço do primeiro semestre sem déficit. Arrecadamos R$ 278 milhões e gastamos R$ 245,2 milhões.

No ano passado, por exemplo, no primeiro semestre foram gastos R$ 332, 8 milhões, enquanto o governo arrecadou R$ 270,6 milhões.

Economizamos o que foi possível.
Economizamos em tudo que era possível. Não gastamos mais do que recebemos.

Aumento real aos funcionários públicos.
Ainda demos um aumento real aos funcionários públicos de 4,1% (com a redução da alíquota previdenciária cobrada dos servidores).

É possível pensar em grandes projetos para os próximos meses?

Centro de Referência da Mulher.
No segundo semestre será construído o Centro de Referência da Mulher, financiado pela Petrobras. A reforma da Praça Princesa Isabel, em parceria com o Governo Federal, também está garantida.

Nosso governo é respeitado.
Estamos buscando parcerias para os nossos projetos e conseguindo grandes aliados porque somos um governo respeitado. Porque só se investe em um governo que é acreditado.

Reformar escolas.
Além disso, vamos reformar as escolas por meio de um grande plano educacional que envolve várias ações.

Projeto Guará Vermelho.
Retomaremos o Programa Guará Vermelho (Urbanização da Vila dos Pescadores). Pela primeira vez o Município está com toda a documentação necessária para aprovação do financiamento do projeto.

Também conseguimos destravar as obras do PAC na Vila Esperança. Cubatão vai ser um grande canteiro de obras.
Pode-se dizer que o seu primeiro semestre foi um período de ajustes?

Além dos ajustes, várias realizações.
Foi um período de ajustes, mas também de muitas realizações. Deixamos de ser espectadores. Agora somos protagonistas. Se temos problemas, assumimos e vamos em busca das soluções. Um exemplo disso é a retomada do Teatro Municipal. Reassumimos um patrimônio público e já estamos em conversações com duas grandes empresas para finalizar esse problema.

Quando a sra. era. vereadora sempre criticou o grande número de pessoas trazidas de fora para assumir cargos importantes no governo municipal.

Agora, como prefeita, a senhora está sendo criticada por uma suposta invasão de pessoas de outros municípios nos quadros do seu governo, os chamados gafanhotos.

Isso realmente está acontecendo?

Quem são os gafanhotos? A maioria de nosso secretariado é funcionário público de carreira.
E no segundo escalão?

Tem tão poucos… Você traz um funcionário e o pessoal faz um carnaval. Existem algumas áreas técnicas que precisamos de profissionais especializados naquela função. Aqueles que encontramos entre os funcionários de carreira ficamos com eles.

Eu nasci em Cubatão, moro em Cubatão. Nosso governo está próximo do povo.

Uma outra coisa: agora a prefeita mora aqui (em Cubatão). Os boatos sobre os gafanhotos são tão grandes, como os que dizem que eu moro fora da Cidade. Eu moro no mesmo lugar, na mesma casa. Minha família também mora aqui. Essa verdade precisa ser colocada. Nosso governo está nas ruas. Não somos um governo distante do povo.

“Quem são os gafanhotos? A maioria de nosso secretariado é funcionário público de carreira.”