Vários governos devem buscar em 2010 uma nova parceria climática para proteger florestas tropicais com verbas geridas pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial ou canais bilaterais, disse à Reuters nesta terça-feira o ministro norueguês de Meio Ambiente, Erik Solheim.
“A ideia é estabelecer uma parceria com todos que quiserem ser incluídos. Estará aberto a todos, mesmo se você não contribuir com um único dólar, mesmo que você não tenha uma única árvore”, disse ele, acrescentando que esse esquema ajudaria a reforçar as negociações da ONU sobre um acordo contra o desmatamento.
Na quinta-feira, acontece na França uma reunião ministerial para discutir a questão das florestas, e um encontro de prosseguimento terá lugar em maio na Noruega, para manter as discussões sobre o combate à mudança climática depois da conferência da ONU em dezembro em Copenhague.
Da Amazônia à bacia do Congo, estima-se que o desmatamento represente cerca de 20 por cento das emissões humanas de gases do efeito estufa. As plantas absorvem dióxido de carbono ao crescerem, e o liberam quando são queimadas ou apodrecem.
A Noruega, que graças à exportação de petróleo é um dos países mais ricos do mundo, anunciou em 2007 que iria ceder meio bilhão de dólares por ano para proteger florestas em países em desenvolvimento.
Solheim afirmou que entre os planos a serem discutidos pelos doadores estará a promessa feita em Copenhague por Estados Unidos, Austrália, França, Japão, Grã-Bretanha e Noruega para oferecer 3,5 bilhões de dólares entre 2010 e 2012 para salvar as florestas. A verba norueguesa se refere a promessas já existentes.
BANCO MUNDIAL
Questionado sobre como os 3,5 bilhões de dólares seriam gastos, Solheim afirmou: “O dinheiro está sob o controle nacional de cada governo, mas queremos estabelecer mecanismos na ONU e no Banco Mundial sobre como usar o dinheiro.”
“Acho que será uma mistura de acordos bilaterais do tipo que temos (…), e também esquemas globais dentro da ONU e do Banco Mundial.”
Os planos bilaterais da Noruega para a proteção florestal incluem a concessão de 1 bilhão de dólares para o Brasil no período 2008-15, até 280 milhões de dólares para a Guiana de 2010-15, e 83 milhões de dólares para a Tanzânia. Cada um desses esquemas inclui contrapartidas relativas ao desempenho do país receptor.
Para o ministro, a mobilização das verbas será uma forma de gerar confiança entre os países ricos e pobres, depois que a conferência de Copenhague terminou sem um tratado de cumprimento obrigatório.
A discussão sobre tal tratado continuará até o fim do ano, quando ocorre uma nova conferência climática da ONU, desta vez no México.
Segundo Solheim, há um amplo consenso sobre a necessidade de proteger as florestas, e seria possível replicar o modelo em outras áreas, como tecnologia, adaptação climática e sistemas de monitoramento e verificação de reduções de emissões de gases do efeito estufa.
Reuters