Surpresa com a saída da Samsung do Atlântico Sul eleva pressão sobre Camargo Corrêa e Queiroz Galvão
O mercado naval brasileiro aguarda os desdobramentos da saída da Samsung do grupo de acionistas do Estaleiro Atlântico Sul, o maior do país -instalado no porto de Suape (PE).
Os grupos Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, controladores do estaleiro, não se pronunciaram sobre o futuro da empresa sem o chamado parceiro estratégico.
A Samsung estava no negócio como detentora da tecnologia de construção de grandes embarcações.
No mercado, a avaliação é que ambos não terão como ficar sem, pelo menos, uma consultoria técnica, embora o ideal fosse a presença, no rol de acionistas, de um parceiro com tecnologia para montagem de navios.
A expectativa era que a Samsung pudesse elevar a participação de 6% no negócio e assumir a gestão técnica do Atlântico Sul, e não se desfazer da pequena participação de que dispunha.
O estaleiro tem sido alvo de críticas pesadas da nova presidente da Petrobras, Graça Foster. A executiva tem cobrado melhor performance na montagem dos seus dez petroleiros, encomendados junto à empresa.
O primeiro navio da frota, o João Cândido, ainda não saiu do estaleiro em razão de problemas na construção.
A avaliação do mercado é a de que, embora a tecnologia da Samsung tenha sido utilizada pela Camargo Corrêa e pela Queiroz Galvão na montagem das embarcações, parte do processo se perdeu por falta de gestão do processo construtivo.
A obra civil do estaleiro foi considerada, desde o primeiro momento, exemplar, mas a mesma eficiência mostrada na construção da estrutura não se refletiu na montagem de navios.
Em nota, as empresas usaram tom protocolar para informar que decidiram exercer o direito de preferência e adquirir os 6% das ações da Samsung.
Com isso, Camargo e Queiroz Galvão terão 50% do negócio, agora sozinhas.
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO – Folha de São Paulo