Os Estados que compreendem a chamada Amazônia Legal são objeto, como mostrou esta Folha no domingo, de um novo ciclo de grandes projetos de investimento. Concentrados em geração de energia e transporte de cargas, prometem levar à região R$ 200 bilhões até o final desta década.
Promover a exploração equilibrada da Amazônia é a melhor maneira de fortalecer o ativo ambiental que distingue -e distinguirá cada vez mais- o Brasil no conjunto das nações de maior peso econômico.
O subdesenvolvimento e a desigualdade que hoje marcam as populações amazônicas são o maior incentivo a práticas predatórias da natureza. A região abriga cerca de 13% da população brasileira, mas responde só por 8% da renda.
A nova onda de investimentos, que contará com recursos públicos e privados, equivale ao dobro do gasto planejado pela Petrobras no pré-sal até 2015. O gigantismo das cifras, incomuns para um país que por mais de duas décadas pouco investiu em infraestrutura, motiva comparações apressadas com a construção da rodovia Transamazônica, durante a ditadura militar.
A marca da estrada aberta no meio da selva no início da década de 1970, no entanto, era o fato de sua dimensão faraônica desvincular-se das necessidades da região e do tamanho de sua economia à época.
Os investimentos agora propostos vão ao encontro de pressões de demanda e de inadiáveis necessidades do país.
É o caso da ligação de ferrovias, rodovias e transporte fluvial para permitir que se escoe, a custo menor, a safra de grãos do Centro-Oeste através dos portos do Norte e do Nordeste. A construção de grandes usinas hidrelétricas também atende a carências da indústria e dos grandes centros urbanos do país.
A conciliação desses interesses com o ditame de preservar a floresta e afetar o menos possível as condições de vida das populações locais impõe um outro tipo de ação, pouco custosa, mas não menos importante. Trata-se de melhorar, em recursos e sobretudo em produtividade, a fiscalização ambiental desses empreendimentos, a cargo de entidades como o Ibama. Não foi o que ocorreu nos últimos anos.
Os órgãos ambientais também deveriam passar por modernização. Em vez de agirem como uma espécie de resistência burocrática a grandes projetos, espera-se deles que passem a oferecer soluções sustentáveis às diversas demandas pelo desenvolvimento da região.
Fonte: Folha