As celebrações do jubileu de diamante da rainha Elizabeth II alcançarão seu auge nos próximos dias no Reino Unido, mas em países distantes, dos quais ela ainda é chefe de Estado, a apatia domina. Desde a sua ascensão ao trono, em 1952, a rainha preside a Commonwealth, um agrupamento de 54 nações criado após a queda do Império Britânico. Ela continua a ser soberana em 16 Estados membros, incluindo Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Mas as festividades organizadas em sua homenagem nestas terras podem ser melhor descritas como discretas, exceto no Canadá.

Na Austrália, ex-colônia britânica que recebeu calorosamente o casal real em 2011, poucas celebrações estão planejadas. Canberra prometeu uma doação de US$ 5 milhões australianos (4 milhões de euros) para o jubileu, selos e moedas comemorativas serão vendidas e a primeira-ministra Julia Gillard acenderá uma das luzes espalhadas por toda a Commonwealth.

Novos edifícios construídos à beira-mar em Perth (oeste) serão batizados de Quay Elizabeth. Mas ao contrário do Jubileu de Prata de 1977, marcado pela visita da rainha à Austrália, 2012 suscita pouca emoção. Para David Flint, líder da Associação dos Australianos por uma Monarquia Constitucional, a responsabilidade por esta falta de entusiasmo se chama Julia Gillard, que sempre disse que a Austrália um dia se tornará uma República.

“Eles só querem se livrar da Coroa, eles não têm ideia do que a maioria do povo quer”, indigna-se David Flint. “As celebrações terão lugar, infelizmente, em frente aos aparelhos de televisão”. No entanto, a emissora pública de televisão, Australian Broadcasting Corporation (ABC), tem de fato exibido uma série de documentários sobre a realeza, mas o seu canal aberto não prevê a cobertura ao vivo dos principais eventos do jubileu na Grã-Bretanha.

Durante o desfile de barcos no rio Tâmisa, em Londres, o ponto culminante das celebrações, o canal vai transmitir Shampoo, um filme dos anos 1970 com Warren Beatty. “Isso é ultrajante”, suspira David Flint. “A ABC prefere exibir um filme sobre um barbeiro louco por sexo em vez do jubileu da rainha, que sempre se comportou de maneira impecável em relação ao país”.

David Morris, líder do Movimento pela República Australiana, garante que os australianos têm “afeto” pela rainha e a felicitam por seus 60 anos no trono. “Mas a Austrália tem crescido. É um país moderno, multicultural. O jubileu não diz respeito à Austrália, fala sobre a Grã-Bretanha. Não nos interessamos realmente”, declara.

O mesmo se repete na Nova Zelândia, país que Elizabeth visitou dez vezes durante todo o seu reinado, mas nenhuma nos últimos dez anos. O governo tem incentivado as associações a organizar suas próprias festas, em vez de gastar dinheiro público. Segundo o presidente do movimento República da Nova Zelândia, Lewis Holden, o sentimento geral se resume a “quem se importa?!”. “Existem algumas festas organizadas por pubs britânicos por exemplo, mas a maioria das pessoas é indiferente”, disse.

Não há eventos programados na Índia, que se tornou uma república há 60 anos. De acordo com especialistas, a atitude geral para com a família real britânica é uma indiferença benigna. “A rainha é o símbolo de um passado que não tem mais sentido algum hoje. Mas se ela quiser visitar a Índia, terá a mesma recepção respeitosa do que a concedida para uma avó”, afirmou o escritor e jornalista indiano MJ Akbar.

Em Cingapura, o British Club organizou de bailes a almoços, enquanto a embaixada britânica na Malásia sediará uma recepção. Mas, como em outros lugares, isso não significa muito para as pessoas.

A única exceção é o Canadá, cujo governo conservador reservou US$ 7,4 milhões (6 milhões de euros) para as celebrações em todo o país. “Ao apoiar este aniversário histórico e significativo, o nosso governo ressalta o seu compromisso em reforçar o nosso patrimônio através da celebração das instituições que nos definem como canadenses”, declarou o ministro do Patrimônio, James Moore.