Um caso brutal de exploração de indígenas amazônicos é o tema central de um novo livro lançado nos EUA. “The Devil and Mr. Casement” (“O demônio e o sr. Casement”, numa tradução livre), do historiador John Goodman, conta a história real do diplomata irlandês Roger Casement.
Em setembro de 1910, ele foi mandado pelo governo britânico para a região do Rio Putumayo, que hoje define a fronteira entre Peru e Colômbia, para averiguar denúncias de desrespeito aos direitos humanos nos seringais do empresário peruano Julio César Arana.
Casement então concluiu que mais de 30 mil índios haviam morrido para produzir 4 mil toneladas de borracha na região. Arana era proprietário da Peruvian Amazon Company, com sede em Londres, que negociava a matéria-prima na Europa.
Segundo informações do “New York Times”, Casement esteve duas vezes na área do Putumayo e coletou evidências de tortura, estupros em massa, mutilações, execuções e perseguições aos índios locais, que tiveram sua população, de acordo com os cálculos do britânico, reduzida de 50 mil para 8 mil pessoas entre 1906 e 1911.
Quando publicou o relatório sobre seu levantamento, em 1912, Casement fez com que Arana tivesse que se explicar às autoridades inglesas. A Peruvian Amazon Company acabou sendo liquidada, num dos primeiros grandes casos de indignação da opinião pública contra os abusos dos direitos humanos.
“The Devil and Mr. Casement – One Man’s Battle for Human Rights in South America’s Heart of Darkness” é da Editora Straus & Giroux.
Globo Amazônia