Por AE

São Paulo – A inauguração da nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC), prevista para o segundo semestre, deve ser novamente adiada. Após visita de representantes da universidade ao antigo prédio do Detran, o diretor do museu, Tadeu Chiarelli, e a instituição decidiram esperar que todo o complexo – que inclui, além do prédio principal, três anexos – fique pronto para utilização, o que deve acontecer apenas no início de 2012. Por conta disso, o museu resolveu montar já em setembro uma exposição com cerca de 200 obras de seu acervo, algumas delas longe do público desde os anos 90.

“A instituição foi segurando a exibição da sua coleção e a gente não pode ficar assim”, diz Tadeu Chiarelli. “Existe uma demanda muito grande sobre a possibilidade de o público entrar em contato com o acervo”, continua o diretor do museu. A abertura da nova sede do MAC, cuja obra é realizada pela Secretaria de Estado da Cultura, vem sendo adiada desde 2009.

Sendo assim, a exposição “Modernismos no Brasil”, que o museu vai inaugurar em 13 de setembro, em seu espaço no pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, vai reunir obras – muitas delas, peças-primas da instituição – que estão distantes do público há muito tempo. A tela “A Negra”, de Tarsila do Amaral, um dos grandes destaques do acervo do museu, teve sua última exibição em 2009. Mas há outros exemplos curiosos. A pintura “A Boba”, de Anita Malfatti, não é vista desde 2008; a escultura “A Soma de Nossos Dias”, de Maria Martins, foi exibida apenas em 2005. Já o autorretrato de “Amedeo Modigliani”, o único realizado pelo pintor, não é exibido desde 2007; e o quadro “Mangaratiba”, de José Pancetti, teve sua última aparição em 1998.

“A exposição é uma leitura da coleção modernista do museu, com várias vertentes”, diz Tadeu Chiarelli. A mostra vai mesclar obras de artistas brasileiros e de estrangeiros, promovendo o diálogo entre a produção nacional e internacional. Nesse sentido, serão colocadas para o publico obras como “Conceito Espacial” (1965), de Lucio Fontana; “O Enigma de um Dia” (1914), de Giorgio de Chirico; e “Plano em Superfícies Moduladas n.º 2” (1956), de Lygia Clark – todas não exibidas desde 2006. Ou figurará ainda “A Santa da Luz Interior” (1921), de Paul Klee, obra sobre papel que teve sua última exibição em 2002.

A transferência do MAC para o complexo do ex-Detran – o prédio e anexo principais foram projetados em 1951 por Oscar Niemeyer – foi acertada (mas ainda não “formalizada”, diz Chiarelli) entre a USP e o Governo do Estado de São Paulo justamente para que a instituição tivesse um espaço à altura de seu rico acervo, com 9.512 obras. A Secretaria de Estado da Cultura está realizando a reforma do imóvel, tombado pelo Conpresp e Condephaat, desde 2008, mas o projeto do novo MAC também inclui a construção de dois anexos, que têm previsão de ficarem prontos mais adiante.

“Os edifícios originais estão previstos para serem entregues no final deste mês, mas não podemos cogitar a mudança do museu sem os anexos prontos. A gente não pode ir por partes”, diz Chiarelli. “O empenho da secretaria é total, mas são problemas técnicos que surgem, é o imponderável.” Segundo o secretário de Cultura Andrea Matarazzo afirmou em maio, o governo de São Paulo gastou R$ 76 milhões nas obras para transformação da ex-sede do Detran em espaço museológico, com área total de 37 mil m². As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Fonte: VEJA