Apesar de subordinada à Secretaria da Segurança Pública do governo do Estado, a polícia estará no centro da disputa para a Prefeitura de São Paulo.

Temas como a indicação de coronéis para comandar 30 das 31 subprefeituras na administração de Gilberto Kassab (PSD) e a utilização da operação delegada, com policiais em horário de folga, para combater o comércio ilegal já vêm sendo explorados pelas principais campanhas.

Outro indicativo é o aumento do número de candidatos a vereador ligados à área da segurança, que praticamente duplicou em relação ao pleito de 2008.

Na última eleição municipal, 23 profissionais, entre policiais civis, militares e oficiais da reserva, disputaram vagas na Câmara de Vereadores. Neste ano, serão 43, incluindo 22 PMs da ativa, dois ex-comandantes da corporação e um bombeiro.

Líder nas pesquisas de intenção de voto para prefeito, José Serra (PSDB) fará campanha escoltado por 11 desses candidatos. Seu partido filiou o coronel Paulo Telhada, ex-comandante da Rota, a tropa de elite da PM.

Aliado de Serra, o prefeito Kassab espera ter como puxador de votos de seu PSD o coronel Álvaro Camilo, que até abril comandava a Polícia Militar no Estado e indicou boa parte dos 30 subprefeitos egressos da tropa.

Em seu site de campanha, Camilo faz propaganda da operação delegada, iniciada por ele em 2009, que permitiu aos policiais trabalharem para a prefeitura nos horários de folga, sendo pagos por ela.

Editoria de Arte/Folhapress

Os adversários de Serra na eleição criticam o uso dessa atividade no policiamento de ruas ocupadas por camelôs. O discurso de que, se eleitos, manterão a operação, “mas não para correr atrás de trabalhador” é unânime.

“Isso é eleitoreiro”, rebate Telhada. “Falam isso para ganhar voto de camelô e depois não ajudam essa turma. A fiscalização e a delegada têm que continuar.”

A campanha de Celso Russomanno é encabeçada por um conhecido aliado da polícia. O deputado estadual Campos Machado (PTB), presidente do conselho político da chapa do PRB, apresentou em 2011 projeto para tirar do gabinete do Secretário da Segurança Pública a Corregedoria da Polícia Civil.

A proposta, que desagradou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e acabou arquivada pela Assembleia Legislativa, foi vista à época como um gesto para agradar delegados que compõem sua base eleitoral.

Além de Campos Machado, outra presença constante ao lado de Russomanno na campanha é o ex-deputado e ex-capitão da Rota Roberval Conte Lopes (PTB), que se orgulha de ter sido promovido duas vezes na polícia “por trocar tiros com bandidos”.

“Fomos um dos primeiros [policiais eleitos], agora tem muita gente”, diz ele, que atribui o aumento do número de candidatos ligados ao tema -12 deles na coligação de Russomanno- “à insegurança que se vive”.

A chapa do candidato do PT à prefeitura, Fernando Haddad, tem cinco policiais candidatos a vereador e o apoio do PP do ex-prefeito Paulo Maluf, que costuma citar o bordão “a Rota na rua” até nas campanhas de filiação do partido.

O PP, no entanto, diz não ter atualmente nenhum candidato que adote o discurso de repressão ao crime historicamente alardeado por Maluf. “Estão todos no PSDB e no PSD”, afirma o secretáriogeral da sigla, Jesse Ribeiro.

A legenda terá somente o policial civil Silvio Cambaúva disputando vaga na Câmara de Vereadores da capital.

DIÓGENES CAMPANHA

Fonte: Folha de S. Paulo