O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, reforçou, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, a defesa do aproveitamento hidráulico e da construção de hidrelétricas para viabilizar o crescimento econômico do Brasil.
Os novos empreendimentos, segundo ele, são fundamentais para o País e não comprometem a preservação dos recursos naturais. “O Brasil tem uma matriz limpa e quer mantê-la assim pelas próximas décadas. Para isso, novos investimentos terão de ser feitos”.
A declaração foi feita logo após o seminário “Energia e Desenvolvimento Sustentável”, promovido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), dentro da programação da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
O painel foi coordenado pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e reuniu especialistas do setor energético brasileiro – entre eles, o presidente do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel), Albert Melo; o ex-presidente do Cepel, Jerzy Lepecki; o coordenador do grupo de estudos do setor energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor Nivaldi de Castro e o ex-diretor técnico de Itaipu, Altino Ventura, que hoje ocupa o cargo de secretário de Planejamento e desenvolvimento Energético do MME.
Usinas plataformas
Segundo Samek, as regiões Sul e Sudeste praticamente já esgotaram o potencial hidráulico e hoje os investimentos devem ser levados, sobretudo, à região Norte, a algumas áreas do Nordeste e ao Mato Grosso.
“São novas usinas, que também vão demandar grandes redes de transmissão. E que trazem novos conceitos, como, por exemplo, as usinas plataformas em áreas não habitadas”, disse, sobre a modalidade inspirada nas plataformas marítimas de exploração de petróleo.
“Ou seja, se aproveita o potencial hidráulico e depois não teremos um processo de ocupação em locais que não interessa ao Brasil ocupar”, explicou.
Benefícios
Para Samek, mesmo em áreas ocupadas, como é o caso da usina de Belo Monte, próximo ao município de Altamira (PA), as populações terão a oportunidade de se beneficiar das vantagens trazidas pelo empreendimento. “Se fizer um comparativo de antes e depois da instalação de uma usina em determinada região do País, você vai verificar que as condições do município, do PIB, do IDH, melhoraram muito”.
E completou: “Há a questão do faturamento com a transferência de recursos da União, do Estado, e com isso o município pode investir em educação, em saúde, em saneamento, em estrada, em produção agrícola. Ou seja, é um fator de desenvolvimento”.
O seminário abordou uma discussão atual: a necessidade ou não de construir reservatórios nos novos empreendimentos. Sem reservatório, a produção é menor, principalmente em períodos de seca. Para compensar, deve-se acionar, por exemplo, a operação de usinas a gás, que são mais poluentes.
“O ex-presidente do Cepel, Jerzy Lepecki, por exemplo, está inconformado e acha um equívoco o Brasil não fazer o aproveitamento hidráulico [com reservatórios]”, citou Samek. “Porque não seria apenas para a produção de energia, mas também para fazer a irrigação, para atender as cidades, a agricultura, e isso implica em fazer uma usina menor ou uma usina maior”, concluiu.
A Itaipu Binacional é maior usina hidrelétrica em produção de energia limpa e renovável. Com 20 unidades geradoras, atende quase 20% do consumo nacional de energia e 75% de toda a demanda de eletricidade do Paraguai.