Dia de Campo em Ariquemes (RO) evidencia a pecuária de corte na região Norte do País

Pioneira na implantação do melhoramento genético e outras tecnologias em Rondônia, a Agropecuária Nova Vida comemorou 40 anos com a realização do seu tradicional dia de campo, nos dias 4 e 5 de agosto. Promovido há 14 anos ininterruptamente na sede da propriedade, em Ariquemes (RO), neste ano o evento contou com a parceria da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Cerca de 600 pecuaristas acompanharam apresentações sobre melhoramento genético, manejo de pastagens e crédito rural, além de um shopping de reprodutores que movimentou quase R$ 581 mil com a comercialização de 110 animais das raças Nelore e Senepol.

 

Exatos 42 criadores aproveitaram a oportunidade para repor os touros do rebanho com animais melhoradores. Entre eles, estava o senhor Agenor Bissoli, participante do dia de campo desde a primeira edição, que há 20 anos se dedica à criação de Nelore, Guzerá, Senepol e cruzamento industrial. Agenor é conhecido no mercado pela simplicidade do homem que vive no campo, mas entende que o melhoramento genético é o caminho para se obter maior produção e lucro na pecuária.

 

“Vejo que quem trabalha certinho está avançando, enquanto que as pessoas que não buscam elevar o gado estão engatinhando”, comenta, referindo-se ao investimento em animais melhorados. Ricardo Arantes, um dos proprietários da Agropecuária Nova Vida, relembra a primeira aparição do tradicional pecuarista no evento, ocasião em que comprou 18 touros e gerou certo espanto pelo tamanho do investimento aplicado. “No acerto de contas, quando perguntei qual seria a forma de pagamento, ele chamou a mulher, pegou dela uma maleta, despejou um monte de dinheiro na minha mesa e pediu para eu conferir”.

 

No segundo ano em Ariquemes, o pecuarista Mauro Sérgio Soares de Andrade, com duas propriedades em Rio Branco, no Acre, também partiu para o evento em busca de touros Senepol, que o fez pioneiro na raça em seu Estado. Trabalha com 700 vacas e aproximadamente 1.800 machos, dedicando-se à cria, recria e engorda a pasto. “Vejo muitas vantagens no Senepol. Os touros trabalham muito bem a campo, são muito mansos e no cruzamento com o Nelore dão um gado mais mocho e que ganha muito peso. São leves e de desenvolvimento rápido, mesmo com cinco anos podem ser colocado facilmente para montar novilhas de dois anos, sem gerar nenhum problema. Na desmama, estou conseguindo bezerros meio-sangue com cinco meses pesando, em média, 250 quilos”, afirma.

 

Ele conta que a pecuária é a atividade econômica mais importante no Acre, representando cerca de 60% do PIB estadual. Lá, o preço do boi gordo acompanha a cotação de muitas praças, normalmente R$ 2,00 mais do que em Rondônia. O tamanho médio das propriedades gira em torno de 600 hectares e a atividade chegou ao seu limite, em virtude das leis ambientais. “É mais um motivo pelo qual devemos investir em uma genética mais apurada, que proporcione maior rendimento dos animais por área”, conta.

 

Preço do touro em arroba de bezerro – Entre 2002 e 2005, a pecuária de corte passou por longo período de marasmo, com o preço da arroba oscilando entre US$ 16 e US$ 20. Como os produtores estavam descapitalizados, a Agropecuária Nova Vida passou a comercializar reprodutores aceitando bezerros como forma de pagamento. Esse modelo foi incorporado com sucesso ao negócio, inclusive, no shopping de reprodutores, e funciona até hoje. “Cerca de 80% de nossas vendas são feitas dessa forma”, revela Ricardo Arantes.

 

Durante o dia de campo, os pecuaristas puderam conferir nos piquetes a linhagem dos animais, peso, idade, índice genético, preço e também o valor equivalente em bezerros. Touro de R$ 6.000,00, por exemplo, vale 10 bezerros. O criador vai até a Nova Vida, escolhe um reprodutor e um acordo é formalizado por meio de uma Cédula do Produto Rural (CPR). Dentre as cláusulas acertadas, 20 vacas são colocadas como garantia e o pagamento em bezerro ocorre depois de um ano. A Nova Vida também fica com a preferência de compra no restante do lote.

 

Dia de campo – A pecuária de corte em Rondônia foi considerada extrativista por muitos anos. Este panorama mudou com a chegada da Agropecuária Nova Vida, na década de 70, quando João Arantes desbravou a região de Ariquemes, com o respaldo de uma política de ocupação da Amazônia e expansão das fronteiras agrícolas. Para mostrar conceitos já bem sucedidos no Sul e Sudeste do País, João Arantes se reunia com os pecuaristas locais, realizando palestras, no intuito de difundir conhecimento. Foi desse processo que nasceu o dia de campo da Agropecuária Nova Vida. Em 14 anos, foram realizados mais de 30 eventos.

 

Na edição de 2012, os participantes acompanharam palestras ministradas por Leonardo de Oliveira Fernandes, pesquisador da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), que falou sobre manejo de pastagem; Lauro Fraga Almeida, gerente de fomento do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ); e Ernani Rezende, analista técnico rural, membro da diretoria de agronegócios do Banco do Brasil, que apresentou o crédito rural disponível pelo Governo Federal.

 

A apresentação do técnico da ABCZ foi o ponto mais alto das discussões. “Na década de 70, num passado ainda recente, éramos importadores de carne bovina e a partir 2003 nos tornamos os maiores exportadores. Isso porque mudamos a constituição genética do gado. Essa ferramenta deve desempenhar um papel ainda mais importante, com o crescimento da população mundial e a cobrança contínua para redução de área. Teremos de trabalhar no melhoramento ambiental e genético objetivando sempre uma maior produtividade”, argumentou durante sua palestra, ressaltando a importância das raças zebuínas no processo.

 

 

 

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