A relação entre as duas doenças pode estar na tendência genética ao acúmulo de cristais de cálcio nos rins e nas artérias

Um estudo apresentado no último Congresso Americano de Urologia, em Washington, sugere que quem sofre de cálculo renal tem 31% mais riscos de desenvolver problemas cardiovasculares. Segundo os pesquisadores, uma possível explicação seria a tendência genética de acumular cristais de cálcio nos rins e nas artérias.

Foram acompanhados, por nove anos, 15.424 pacientes. Os 4.564 voluntários que sofriam de cálculo renal apresentaram, inicialmente, risco 38% maior de sofrer infarto. Quando os pesquisadores ajustaram a análise para anular a influência de outras doenças, como hipertensão, diabetes, obesidade, colesterol elevado, dependência de álcool ou cigarro, o índice passou para 31% — ainda considerado alto por especialistas.

“É possível que os inibidores de calcificação sejam a causa do cálculo renal e também das placas ateroscleróticas. No entanto, mais estudos são necessários para testar essa hipótese”, afirma o nefrologista Andrew Rule, pesquisador da Clínica Mayo e autor principal do estudo. Ele ressalta que a relação entre insuficiência renal e problemas cardíacos é bastante conhecida pelos médicos, mas sua pesquisa foi a primeira a apontar o cálculo renal, isoladamente, como fator de risco para infarto.

Daher Chade, urologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), diz que se a hipótese for confirmada por estudos maiores, será necessário rever a conduta de prevenção das duas doenças. Para o especialista, é importante que os pacientes em tratamento renal passem por exames cardiológicos. O rastreamento para pedra nos rins, por outro lado, deveria ser incluído na prevenção da doença cardiovascular. “Uma vez identificado o problema, o paciente terá de receber tratamento e orientação alimentar”, diz.

Fonte: VEJA