Estudo da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) indica que, entre 1999 e 2010, pequenos incêndios abaixo das copas das árvores na Amazônia destruíram mais de 85,5 mil quilômetros quadrados de floresta. Isso é quase o mesmo tanto que foi desmatado na região brasileira de 2005 a 2012, segundo o Prodes ( Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite). Estes incêndios, não registrados em imagens de satélites, representam 2,8% da floresta.
A equipe chefiada por Doug Morton, do Centro Espacial Goddard, em Mayland (EUA), descobriu que ocorrem queimadas nos arbustos e nas plantas que crescem abaixo das copas das árvores. E que elas não estão ligadas ao desmatamento. O estudo publicado no “Philosophical Transactions of the Royal Society B” aponta a mudança climática como principal causador desse tipo de “incêndio silencioso e lento”.
Com pouca umidade à noite, a floresta tropical “acostumada” com água fica suscetível à pegar fogo a partir de acampamentos, pessoas cozinhando, cigarros, carros, queima de dejetos agrícolas e uma variedade de ações humanas, dizem os pesquisadores.
A partir do conhecimento destas queimadas é possível recalcular as estimativas de emissão de carbono da floresta. “Nós ainda não temos uma estimativa robusta destas emissões vindas dos pequenos incêndios, mas, pela destruição, eles são uma fonte importante de emissão e devemos considerá-los”, diz Morton.
Os pesquisadores mapearam uma área de 3 milhões de km2 de floresta Amazônica. Em anos que tiveram grande incidência destas queimadas sob as árvores, como 2005, 2007 e 2010, a área de floresta afetada pelas queimadas foi bem maior do que a área desmatada para expansão da agricultura, por exemplo.
Assim, os cientistas destacam que o principal fator de risco para a floresta em escala regional são as características climáticas que levam à tais incêndios, e não o desmatamento. As árvores da Amazônia não estão adaptadas ao fogo e, por isso, o longo e lento processo do fogo pode queimar de 10 a 50% da área. A recuperação é um processo longo e lento.
Morton e sua equipe observaram a floresta na temporada de secas, de junho a agosto, com dados do Modis (Espectro-radiômetro Imageador de Resolução Moderada). Eles registraram quando a floresta foi destruída e sua recuperação, que depende do tipo de uso da terra. Em regiões de desmatamento, não há sinais de recuperação por pelo menos dois anos.
Fonte: UOL