Em plena realização da Rio+20, conferência da ONU que tem entre seus objetivos encontrar formas de reduzir as emissões de gás carbônico na atmosfera, a Petrobras anunciou ontem um plano de negócios que aumenta os investimentos em combustível fóssil (petróleo e gás) e reduz na área de biocombustíveis (etanol e biodiesel). O plano de negócios da petroleira para o período 2012-2016 teve um aumento de 5,2% em relação ao de 2011-2015, atendendo aos pedidos do governo federal para que as estatais aumentem seus investimentos. Até 2016 a empresa deve investir US$ 236,5 bilhões (R$ 416,5 bilhões), contra os US$ 224,7 bilhões previstos no plano anterior. Dessa maneira, o desembolso anual passará de US$ 44,9 bilhões para US$ 47,3 bilhões, alavancando mais a economia. Do total de investimentos previstos no plano, 60% (US$ 141,8 bilhões) vão para a área de Exploração e Produção, um aumento de três pontos percentuais em relação ao plano anterior. A participação dos biocombustíveis nos investimentos da empresa, no entanto, caiu de 2% para 1,6%, deixando clara uma mudança de foco na empresa que, no plano anterior, previa aumentar de 5% para 12% sua participação no mercado de etanol. Ao mesmo tempo em que anunciou o aumento do investimento em produção, a estatal diminuiu sua meta de produção de petróleo, de 6,4 milhões para 5,7 milhões de barris por dia. Para este ano e 2013, a produção ficará praticamente estável em relação ao ano passado, em 2,021 milhões de barris por dia. A empresa aumentou também a participação da área corporativa, responsável pelos salários e administração dos prédios, em 25%, ficando com US$ 3 bilhões, ou 1,3% do total. Estrategicamente, a estatal decidiu comentar o plano apenas a partir do dia 25, quando a conferência da ONU tiver acabado. A redução da participação de combustíveis renováveis na estratégia da petroleira vai na contramão do que está sendo discutido nos salões do Riocentro, que sedia a Rio+20. Um dos pontos que estão sendo negociados no texto “O Futuro que Queremos”, base do documento final da conferência, diz respeito a dobrar a participação de energias renováveis na matriz energética global, atualmente em 15%. O Brasil possui 46% de fontes renováveis na matriz energética. Ações em queda As projeções menores da produção afetaram as ações da Petrobras, que tiveram uma das maiores quedas de ontem na Bovespa. “A leitura do mercado foi negativa”, avaliou a analista-chefe da corretora Ativa, Daniella Maia. A Folha apurou que a empresa está avaliando se manterá a previsão de construção de refinarias anunciadas pelo então presidente Lula para o Maranhão e o Ceará. |
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Denise Luna Fonte: Folha de S. Paulo |