Uma das principais conclusões do estudo editado pela Associação Portuguesa de Anunciantes é que, apesar do progresso e da evolução positiva registada desde 2007, «ainda estamos longe de uma verdadeira cultura nacional de sustentabilidade», afirma, no prefácio do documento, Jorge Portugal, assessor do Presidente da República para a área da Economia e autor do estudo “Opinião Pública e Sustentabilidade em Portugal”.
Os cidadãos dizem assumir comportamentos ditos sustentáveis, «mas só se isso não afectar as suas decisões de consumo», e, mesmo reconhecendo que não estão muito bem informados acerca do assunto, a maioria dos consumidores revela que acha pouco relevantes as acções de mecenato e filantropia desenvolvidas pelas empresas.
As dissonâncias entre a imagem que as empresas constroem do seu activismo no campo do desenvolvimento sustentável e a imagem que os cidadãos têm desse mesmo activismo são demonstradas por números esclarecedores: «52 por cento das empresas vêm-se como “muito activas” ou “activas” na promoção de um desenvolvimento sustentável, ao passo que apenas 23 por cento dos cidadãos avalia dessa forma o comportamento do tecido empresarial», descreve Jorge Portugal.
«A cultura de sustentabilidade necessita de ser aprofundada nas empresas», prossegue o autor: os relatórios de sustentabilidade não são sinónimo de que as políticas de sustentabilidade estejam enraizadas nos modelos de negócio e é fácil perceber que apenas alguns departamentos e colaboradores estão envolvidos nestes processos. «Mais que criar uma estratégia para a sustentabilidade, o que talvez seja necessário é criar sustentabilidade na estratégia empresarial», considera o responsável.
«O tema do Desenvolvimento Sustentável em Portugal junta a “defesa e a protecção do Ambiente” à “Ética” nos seus tópicos centrais e de maior importância, em especial junto das empresas», mas o estudo revela, também, «uma busca ainda longe de estar concluída de vários aspectos importantes, como linguagens, tipos de aplicações e de atribuições funcionais», recomendando que as empresas encontrem uma plataforma comum para o tema do desenvolvimento sutentável como o fizeram para as questões relacionadas com a logística ou o marketing, por exemplo. O documento afirma que o maior consenso para as empresas surge na área da necessidade de maiores investimentos futuros, deixando em aberto temas como «o envolvimento dos colaboradores ou a adopção generalizada de políticas de desenvolvimento sustentável pelos departamentos das empresas, não havendo uma evolução muito clara entre 2007 e 2009».
Assim, «o conceito de Desenvolvimento Sustentável, conforme nos é desenhado pelos resultados apresentados, é uma espécie de work in progress do tecido empresarial português, esboço esse que se alarga à posição geral dos cidadãos sobre o mesmo», conclui Jorge Portugal.
O estudo foi elaborado pelo assessor do Presidente da República para a área de economia, Jorge Portugal, em colaboração com a APEME – Área de Planeamento e estudos de Mercado, uma empresa portuguesa com 20 anos de actividade, especializada na compreensão das dinâmicas do consumidor, para a Associação Portuguesa dos Anunciantes.
fonte: Ambiente Online