Se perguntarem a um surfista o que é surfe, provavelmente a resposta juntará ondas e estilo de vida. Além da constante procura pela onda perfeita, o esportista preocupa-se também com a proteção ambiental das praias.

Foi assim que, em 2009, o grupo multinacional Save the Waves Coalition criou um programa chamado Reservas Mundiais de Surfe (WSR, da sigla em inglês de World Surfing Reserves). A ideia é valorizar as praias não só pela qualidade das ondas, mas também por sua contribuição à história do surfe, com o apoio da comunidade local.

Editoria de Arte / Folhapress

O WSR é composto por órgãos que, em conjunto, decidem a seleção final das praias. “O programa destaca uma área costeira atribuindo-lhe o estatuto de ‘local especial’, mostrando que existem pessoas que se preocupam e que querem ver as ondas, a praia e o acesso a elas protegidos”, explica Drew Kampion, membro do programa e ex-editor da revista estadunidense “Surfer”.

Para que possam ser reconhecidas pelo WSR, as praias devem se destacar em quatro critérios pré-estabelecidos. “A qualidade ecossistêmica da onda ou zona de surfe, a cultura do surfe local e sua contribuição à cultura do surfe global, as características ambientais e o apoio recebido da comunidade local são os critérios do programa”, explica João de Macedo, embaixador do WSR.

O programa Reservas Mundiais de Surfe não tem vínculo legal. “No caso de Portugal, existe a necessidade de levar o conceito para a ordem jurídica nacional e integrá-lo a planejamentos territoriais, sejam eles de abrangência local, regional ou nacional”, diz Miguel Dray, porta-voz dos Guardiões da Reserva da Ericeira (praia localizada na costa portuguesa).

“Essa vinculação legal poderá trazer benefícios não só para a atividade turística como também para o esporte em si”, completa Dray.

NO BRASIL

Apesar do clima e do posicionamento geográfico, nenhuma praia brasileira está na lista que integra o WSR.

“Em 2009, a Confederação Brasileira de Surfe nomeou várias praias brasileiras para serem reconhecidas, de Fernando de Noronha (PE) a Florianópolis (SC), passando por Barra da Tijuca (RJ) e Maresias (em São Sebastião, SP)” comenta João de Macedo.

Apesar da nomeação, não foi apresentada nenhuma candidatura oficial, necessária para que o WSR possa avaliar e emitir o veredito sobre a zona de surfe.

Adalvo Argolo, atual presidente da Confederação Brasileira de Surfe, afirma que a nomeação das praias para o WSR foi feita durante a antiga presidência. Para ele, “as praias do Rio de Janeiro seriam uma referência para estar envolvidas no programa porque, além da qualidade das ondas, também oferecem uma grande contribuição social e cultural ao esporte”.

Já Adriano de Souza, mais conhecido como Mineirinho, vencedor da etapa brasileira do ASP World Tour, diz que é necessário “tomar providências para que seja possível identificar quais praias e áreas devem ser trabalhadas nesse sentido”.

 

Fonte: VEJA