Apesar do avanço quase completo sobre Trípoli, bolsões leais ainda resistem; batalha se acirra em quartel-general de Kadafi, cujo paradeiro é desconhecido
afirmações de que o regime de Kadafi está na iminência de ruir ainda são encaradas com cautela, contudo. Previsões de uma queda iminente do ditador líbio se repetem há tempos. Quando as forças da Otan iniciaram suas atividades no país, Obama previu que o fim do regime seria ‘questão de dias’. Há cinco meses as forças do ditador zombam das potências ocidentais.
Após seis meses de enfrentamentos, rebeldes líbios romperam o anel de segurança militar do ditador Muammar Kadafi e invadiram a capital Trípoli na madrugada desta segunda-feira.
As forças de oposição se reuniram na Praça Verde, um dos bastiões mais sólidos da resistência do tirano, e a rebatizaram de Praça dos Mártires. A tomada do local, que agora simboliza a agonia do regime de Kadafi, deu início a comemorações por todo o país.
Outra vitória para os rebeldes foi a prisão, também neste domingo, de Seif al-Islam, porta-voz do regime, filho de Kadafi e considerado o sucessor natural do pai. O procurador do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno-Ocampo, confirmou a prisão de Seif. Mohammed Kadafi, filho mais velho do ditador, e Saadi Kadafi também estariam em poder das forças do Conselho Nacional de Transição (CNT).
Os rebeldes controlam 95% de Trípoli, de acordo com informações de Mahmoud Nacua, representante do CNT no Reino Unido. “A era de Kadafi terminou”, afirmou Nacua.
Apesar da euforia, os combates prosseguiram em Trípoli. Na manhã desta segunda-feira, intensos tiroteios foram ouvidos nas cercanias do complexo residencial Bab al-Aziziyah, quartel-general de Kadafi e um dos últimos pontos ainda controlados pelo ditador na capital Trípoli. De acordo com a emissora Al Jazeera, blindados das forças de segurança de Kadafi abriram fogo contra os rebeldes, que tentar tomar o controle do local.
A intensificação das atividades da Força Aérea dos EUA sobre a cidade pode ser um fator chave no fim da guerra contra Kadafi a favor dos rebeldes, informa o jornal New York Times.
Com base em informações de fonte não identificadas, o NYT afiram que aviões dos Estados Unidos estabeleceram uma vigilância de 24 horas sobre as zonas controladas pelo regime com o uso de aparelhos não tripulados Predator, que detectaram, seguiram e em algumas ocasiões abriram fogo contra as forças de Kadhafi, apesar do mandato da Otan determinar apenas a proteção de civis.
Cronologia: revolta na Líbia começou em fevereiro de 2011
No entanto, as afirmações de que o regime de Kadafi está na iminência de ruir ainda são encaradas com cautela. Previsões de uma queda iminente do ditador líbio se repetem há tempos. Quando as forças da Otan iniciaram suas atividades no país, no final de março, o presidente americano Barack Obama previu que o fim do regime seria “questão de dias, não de semanas”. Há cinco meses as forças do ditador zombam das potências ocidentais.
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“Enquanto tropas de Kadafi permanecerem leais, será impossível tomar a cidade”, afirmam os especialistas do centro de análise estratégica e geopolítica Stratfor.
Neste domingo, o ditador fez duas aparições na televisão. Ele reiterou que não pretende se render. As declarações, no entanto, foram feitas antes do anúncio da prisão de três de seus filhos. As condições para Kadafi vêm se tornando difíceis – há escassez de alimentos, combustíveis e outros itens básicos, e o regime pode não ter recursos para “comprar” apoiadores por muito tempo.
Caso Kadafi, cujo paradeiro ainda é desconhecido, decida abandonar o país – e consiga se ocultar dos rebeldes e das forças da Otan – Zimbábue e Angola são destinos para ele. A União Africana anunciou neste domingo que uma dessas duas nações lhe garantirá refúgio.
Comunidade internacional – O presidente americano, Barack Obama, disse nesta segunda-feira que o regime de Muamar Kadafi chegou ao seu “momento decisivo” e que o ditador líbio deve partir agora para evitar um banho de sangue no país.
Em uma primeira reação à situação atual na Líbia, Obama também pediu em um comunicado que os rebeldes líbios, que entraram em Trípoli no domingo, respeitem os Direitos Humanos, preservem as instituições do Estado e sigam para a democracia.
O fim do regime de Kadafi está próximo, afirmou nesta segunda-feira o porta-voz da chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Michael Mann. “Kadafi deve abandonar o poder rapidamente e evitar mais derramamento de sangue”, disse. O porta-voz também pediu moderação aos rebeldes. “A Líbia está no princípio de um processo de transição”, declarou Mann.
Ajuda – O Banco Mundial informou nesta segunda-feira que está pronto para prestar ajuda financeira ao novo regime líbio, após os rebeldes entrarem, neste fim de semana, na capital Trípoli, o que, na teoria, seria o último obstáculo a ser vencido contra o ditador Muamar Kadafi, no poder há 42 anos. As informações são de Sri Mulyani Indrawati, um dos três diretores do Banco Mundial.
O diretor disse que vai usar sua vasta experiência em lidar com a reconstrução pós-conflito “para ajudar na reconstrução da Líbia”.