Cidade é reconhecida patrimônio mundial na nova categoria Paisagem Cultural Urbana. MMA participou da elaboração da candidatura.
LETÍCIA VERDI*
A cidade do Rio de Janeiro recebeu, na tarde de terça-feira (13/12), o título inédito de Paisagem Cultural Urbana declarada Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O reconhecimento destaca as relações entre cidade e natureza que são peculiares à capital fluminense. A cerimônia de entrega do certificado aconteceu aos pés da estátua do Cristo Redentor, no Centro de Visitantes Paineiras do Parque Nacional da Tijuca.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) trabalhou, durante quatro anos, com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Associação de Empreendedores Amigos da Unesco para obter o reconhecimento internacional. Também participaram do trabalho o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro e parceiros privados e públicos. Comitês Institucional e Técnico foram criados para a elaboração do dossiê de candidatura.
O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, José Pedro de Oliveira Costa, explicou que a candidatura surgiu em 1999 como proposta de reconhecimento do Jardim Botânico do Rio de Janeiro como Patrimônio Mundial.
“Na ocasião, o MMA considerou inapropriado apresentar uma proposta baseada apenas no Jardim Botânico do Rio, considerando sua ligação especial com o Parque Nacional da Tijuca”, disse o secretário. “Assim, nasceu a ideia de paisagem cultural englobando o Pão de Açúcar, outro ícone da paisagem do Rio”.
José Pedro destacou o envolvimento de inúmeros profissionais na elaboração da proposta. “Agora, reconhecida como patrimônio mundial, essa é a paisagem que mais simboliza o mundo tropical”, declarou.
ENTRE O MAR E A MONTANHA
Reconhecida como uma das cidades mais belas do mundo, o Rio de Janeiro encontra na relação entre homem e natureza a âncora para o seu título de primeira paisagem cultural urbana declarada Patrimônio Mundial, conferido de forma inédita pela Unesco.
Em 2012, a cidade foi a primeira área urbana no mundo a ter reconhecido o valor universal da sua paisagem urbana. Antes disso, os sítios reconhecidos eram relacionados a áreas rurais, sistemas agrícolas tradicionais, jardins históricos e outros locais de cunho simbólico.
O representante da Unesco no Brasil, Lucien Muñoz, ressalta que, assim como foi o reconhecimento de Brasília há 30 anos, o título do Rio de Janeiro também foi inovador. Para ele, a convivência da cidade maravilhosa com sua rica paisagem natural indica desafios permanentes para assegurar a perenidade dos atributos únicos.
Entre os elementos que contribuíram para a obtenção do título de Unesco estão o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico, a praia de Copacabana, a Baía de Guanabara, o Forte e o Morro do Leme, o Forte de Copacabana e o Arpoador, o Parque do Flamengo e a enseada de Botafogo, entre outros.
GESTÃO INTEGRADA
Hoje também foi instalado, oficialmente, o Comitê Gestor do Sítio Patrimônio Mundial, coordenado pelo Iphan e composto por 20 membros que incluem representantes do Instituto, dos Ministérios da Defesa e do Meio Ambiente, da prefeitura local, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Unesco, sociedade civil e organismos não governamentais, como o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e associações de moradores do município do Rio de Janeiro.
Na ocasião, foi apresentado o Plano de Gestão do Sítio “Rio de Janeiro, Paisagens Cariocas, entre a Montanha e o Mar”, aprovado no ano passado na Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em Bonn, na Alemanha. O plano tem como princípio a gestão integrada entre os órgãos e agentes de preservação da cultura e da natureza.
O evento contou, ainda, com a inauguração da sinalização Rio Patrimônio Mundial e o lançamento da publicação “Rio de Janeiro: paisagens cariocas entre a montanha e o mar”, editada pela Unesco e pela Editora Brasileira de Arte e Cultura.
*Com informações da ONU Brasil.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente