Uma das características mais visíveis da nova China são os enormes investimentos que o país tem feito para modernizar sua infraestrutura. E, para o turista, isso fica mais evidente nas malhas de transporte.
Por todos os lados, novas autoestradas e pontes imponentes estão sendo construídas. Cidades antes isoladas agora ganham aeroportos modernos, e novas linhas de trens-bala são inauguradas quase mensalmente –num ambicioso projeto de atingir todas as províncias até o ano de 2020.
Pedro Carrilho/Folhapress | ||
Guarda chinês diante de imagem de Mao Tsé-tung em Pequim; preços salgados dos ingressos marcam atrações |
Apesar disso, viajar por aqui ainda não é tarefa das mais simples para um estrangeiro, principalmente longe dos grandes centros. Para início de conversa, é muito difícil encontrar alguém que saiba se comunicar em inglês. Nos restaurantes, torça para que haja pelo menos um cardápio fotográfico.
Comprar passagens de trem também pode ser um desafio. Apenas nas grandes cidades há geralmente um guichê separado para estrangeiros. Para piorar, não é possível comprar as passagens com muita antecedência e, depois de colocadas à venda, costumam se esgotar rapidamente.
Ao deixar para adquirir o bilhete na véspera, há grandes chances de só haver lugares disponíveis na classe mais popular (“hard seat”), que é barata e até interessante para viagens curtas, mas um tormento em viagens mais longas.
Nos grandes feriados, como as comemorações do Ano Novo chinês, esqueça: encontre seu canto e espere as festividades terminarem para seguir viagem, já que o país inteiro parece estar nos trens. Uma alternativa que pode poupar imprevistos é recorrer a agências que, claro, cobram pelo serviço.
Dito isso, viajar de trem é parte essencial da experiência chinesa. Os trens têm ficado cada vez mais rápidos e confortáveis e o processo todo pode ficar mais simples nos próximos anos, já que as autoridades acenaram com a possibilidade de implementar um sistema único de reservas on-line ainda em 2011.
Além dos trens, a China tem uma imensa malha rodoviária, percorrida com frequência por linhas de ônibus. No entanto, é preferível viajar de trem sempre que possível. Os ônibus são mais apertados e nem sempre estão em bom estado, assim como as estradas. Mas o pior é o estilo de direção kamikaze dos motoristas, que deixa qualquer um mais tenso. E a julgar pela enorme quantidade de veículos acidentados nos acostamentos das estradas, não sem razão.
As cidades visitadas majoritariamente por turistas domésticos não costumam ter uma grande variedade de hospedagens. São pousadas simples, muitas com banheiro em estilo chinês, e hotéis de no máximo três estrelas.
Não estranhe se o telefone do quarto tocar ou ainda se baterem à porta no meio da noite, oferecendo serviços de “massagem”.
Na hora de orçar a viagem, leve em conta os preços salgados dos ingressos para as principais atrações turísticas. Em alguns casos paga-se até para entrar em determinadas vilas ou cidades de interesse turístico.
Apesar das dificuldades, viajar pela China recompensa aquele que estiver disposto a abrir mão de alguns confortos. Viajar de forma independente pelo país possibilita um contato mais direto com a população local e sua cultura, e logo o estereótipo do chinês como um povo frio e sisudo cai por água abaixo.
Ainda são relativamente poucos os chineses que fazem turismo independente. Viajam quase sempre em grandes e barulhentos grupos, seus guias com bandeirinhas e megafones.
Leva um tempo para o turista estrangeiro se acostumar com todo o movimento, mas o lado positivo é que isso permite a interação também com os turistas locais, sempre maravilhados e orgulhosos de suas riquezas culturais e naturais, e curiosos com a presença de forasteiros. É comum, até mesmo em Pequim, que turistas chineses peçam para tirar fotos com viajantes estrangeiros.
Para quem decide explorar o interior do país de forma independente, uma boa pesquisa prévia, mapas, um livro de frases, um sorriso e boa vontade levam longe e ajudam a viagem a fluir com mais facilidade.
fonte: Folha de Sp