SÃO PAULO – Em entrevista à TV Globo, Orlando Moreira Nunes, um dos sobreviventes do acidente, de sábado, 27, com o bonde, número 10, de Santa Teresa, no Rio, relatou que o veículo ficou sem freio após descer a ladeira e ganhar velocidade. Com vários ferimentos no rosto, e nariz e braço quebrados, Orlando continua internado em um hospital particular na capital fluminense. No acidente, ele perdeu a filha, Maria Eduarda, de 12 anos.
Segundo Orlando, a esposa dele, a jornalista Daniela Dourado, e a garota estavam acomodadas junto à cabine de comando do motorneiro. Ele estava em pé, atrás, ao lado da grade. Antes do acidente, segundo Nunes, houve uma troca de comando. Um senhor alto, de bigode, sem farda, com roupas normais, passou o comando para outro motorneiro, o “senhor Nelson”, conhecido dos que utilizam o bonde. Nelson Correia da Silva, de 57 anos, está entre os mortos, e segundo os moradores de Santa Teresa, era muito cauteloso e cuidadoso. Em imagens gravadas por um passageiro em outra viagem, Nelson aparece descendo do bonde para jogar areia nas rodas e aumentar o atrito com o trilho, pois já havia preocupação com o sistema de freio.
“O bonde começou a pegar velocidade, ele (Nelson) procurou o freio, o freio não respondeu; tentou mexer em cima, algo que me pareceu ser um freio de emergência, mas nada dava certo. Ele teve a consciência de que o bonde descia a ladeira, sem freio e desgovernado, e começou a dizer; ‘Tá sem freio, tá sem freio!’ As pessoas ficaram muito aterrorizadas. Teve uma curva para a esquerda, quando percebi que minha esposa foi jogada para fora do bonde, que já estava descarrilando e virando. De repente aparece um poste na frente, alguma coisa como tentar desviar, um barulho grande e, quando me vi, estava debaixo de tudo aquilo, muitas pessoas em cima de mim, muitas ferragens”, relatou Orlando.
Em 2009, uma professora morreu após o bonde número 01 perder o freio e bater contra um táxi. Nos documentos do inquérito policial, a própria empresa responsável pelos bondes sabia que os veículos traziam riscos à população. Era esse o caso do bonde número 10, um dos que não foram modernizados.
fonte: Estadão