norman*Por Norman de Paula Arruda Filho
Em setembro de 2015, tive a honra de participar do lançamento dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dentre representantes de diversos países com suas mais variadas línguas e culturas, durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, ouvi o então Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki Moon, discursar sobre a Agenda 2030: um chamado à sociedade para a articulação de iniciativas em prol do desenvolvimento sustentável.
Um ano se passou. Marco que nos chama a refletir sobre o quanto já caminhamos na implantação dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Durante esse período, amadurecemos do processo natural de transição dos ODM (Objetivos do Desenvolvimento do Milênio) para os ODS para enxergar as novas metas como algo verdadeiramente transformador. Para auxiliar na implantação dos ODS nas empresas, a GRI (Global Report Initiative) e a WBCSD (World Business Council for Sustainable Development) lançaram o Guia ODS, um documento munido de ferramentas que visam auxiliar empresários a colocar a sustentabilidade no centro da estratégia dos negócios, reforçando a premissa de que somente uma ação conjunta entre o setor público e o setor privado pode de fato gerar mudanças. O Pacto Global da ONU no Brasil traduziu o documento para auxiliar na sua divulgação entre empresas nacionais.
Para engajar o setor privado aqui no Brasil, outras iniciativas atuam para a disseminação dos ODS, como o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o próprio Pacto Global que articulam parcerias, desenvolvem projetos acerca da temática, entre outras atividades. Há também de se destacar o trabalho do PRME – Principles for Responsible Management Education (Princípios para Educação Executiva Responsável), plataforma também da Organização das Nações Unidas que busca estabelecer bases para o desenvolvimento de uma nova geração de líderes de negócios, capaz de gerir os desafios complexos enfrentados pelas empresas e a sociedade no século 21.
No âmbito local, o Movimento Nós Podemos Paraná – estruturado desde 2006 pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná – registra mais de cem empresas que assinaram o termo de adesão em prol dos 17 Objetivos. O governo também se mobilizou em algumas iniciativas. Desde junho deste ano, o movimento “Nordeste 2030 – Desafios e caminhos para o desenvolvimento sustentável” traçou alguns desafios para a implantação da Agenda na região: quer discutir políticas para o fortalecimento de instituições públicas, construir uma visão de longo prazo, promover a competitividade regional e superar os principais desafios.
Sensibilizar pode parecer pouco quando falamos em 169 metas que abordam os mais diversos setores, e quando temos como alvo desafios que vão desde acabar com a fome até promover a industrialização inclusiva. Partindo desse ponto de vista, o tempo torna-se nosso inimigo e não há como ignorar o papel da educação nesse campo. Preparar crianças, jovens e principalmente líderes comprometidos com uma visão sistêmica sobre o desenvolvimento sustentável é fundamental para a continuidade e o sucesso desse trabalho. A educação só é transformadora quando proporciona a mudança através de atividades práticas e mensuração de resultados que vão ao encontro com os objetivos estratégicos das empresas, da sociedade e do planeta de forma equilibrada.
À frente da Presidência do Capítulo Brasileiro do PRME e do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE) adoto os princípios do Pacto Global e do PRME como valores da Instituição, inserindo os ODS na gestão e na estrutura curricular dos cursos ofertados, promovendo o tema de forma a extrapolar a teoria a partir de sua inserção no meio empresarial. Assim, busco incentivar os novos e futuros líderes a levarem para as empresas uma visão mais globalizada do desenvolvimento sustentável.
O primeiro ano da implantação da Agenda 2030 foi registrado pelo governo brasileiro com o posicionamento da bandeira dos ODS ao lado da bandeira do nosso país em cerimônia oficial realizada pelo Tribunal de Contas da União em Brasília. Espero, fielmente, que a simbologia desse ato possa se materializar em ações que nos aproximem cada vez mais do alcance dos Objetivos. Como visionário e crente do poder das parcerias, espero ansioso pelo dia que começaremos a pontuar e comemorar os resultados concretos que os ODS trouxerem à sociedade.
*Norman de Paula Arruda Filho é presidente do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE) e do Capítulo Brasileiro do PRME da ONU