O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda que espera que Estados Unidos, China e os outros países do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que expressaram seu pessimismo sobre um acordo sobre o clima, assumam compromissos básicos na cúpula de dezembro, em Copenhague.
Apesar de os países do Apec terem considerado ontem que é “pouco realista” pensar em um acordo definitivo em Copenhague, Lula, em seu programa semanal de rádio “Café com o Presidente”, disse que espera que na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climática, que será realizada em Copenhague em dezembro, seja alcançada pelo menos a definição de “princípios básicos”.
“Espero que em Copenhague eles consigam avançar para, pelo menos, assumir alguns princípios básicos para que possamos conseguir reduzir as emissões dos gases que provocam o efeito estufa”, disse Lula, em seu programa semanal de rádio.
Lula lamentou que EUA e China, os dois principais responsáveis pelas emissões mundiais de gases poluentes, não tenham alcançado avanços sobre um acordo sobre a mudança climática na reunião que realizaram ontem em Cingapura.
Os líderes de 19 países do Apec, incluindo o americano Barack Obama e o chinês Hu Jintao, consideraram “pouco realista” alcançar um acordo legalmente vinculativo em Copenhague e em seu lugar apoiaram uma solução em dois tempos, explicou o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca, Michael Froman.
Em Copenhague, segundo os membros da Apec, seria buscado um acordo “politicamente vinculativo” que inclua “todos os aspectos principais das negociações”, mas os compromissos específicos, como os números sobre a redução de emissões poluentes, ficariam para uma cúpula posterior.
Lula ratificou que confia no êxito da cúpula de Copenhague e que assistirá à reunião. Em seu programa de rádio, Lula assegurou que o Governo brasileiro apresentará em Copenhague seu “compromisso voluntário” de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020.
O presidente ressaltou que se trata de uma decisão “muito importante” e que foi tomada por “conta própria”. “Uma parte disso começa já com o compromisso que assumimos de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020, mas também vamos fazer esforços na agricultura, (…) que pode produzir mais sem fazer emissões de gases de efeito estufa”, disse.
Lula destacou que o Brasil já conseguiu reduzir o desmatamento na Amazônia de 12,9 mil quilômetros quadrados no ano passado para 7 mil quilômetros quadrados este ano, “em uma demonstração extraordinária de que o plano está tendo resultado e que vamos seguir trabalhando para que seja ainda mais bem-sucedido”.
“Vamos preservar uma parte do Cerrado, o que também vai contribuir com a diminuição (das emissões). E mudaremos a lógica da produção de aço: em vez de usar carvão mineral vamos usar carvão vegetal”, acrescentou.
O presidente disse ainda que o Brasil também dará prioridade às usinas hidroelétricas, que são menos poluentes, e que reduzirá o uso das termelétricas a diesel.
“Isso será uma contribuição extraordinária que o Brasil oferecerá ao mundo”, declarou.
Agência EFE