Estudo do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, afirma que houve redução de 50%, em média, nos níveis de monóxido de carbono em bares, casas noturnas e restaurantes do Rio de Janeiro três meses após a lei antifumo entrar em vigor no Estado.
A pesquisa, finalizada agora, foi feita em conjunto com a Sesdec (Secretaria de Estado de Saúde) e a Defesa Civil do Rio de Janeiro. Foram medidos os níveis de monóxido de carbono nos ambientes fechados antes e 12 semanas depois da implantação da lei 5517/09, conhecida como Rio Sem Fumo.
Segundo o Incor, na média houve queda de 1.4 ppm (partes por milhão) na concentração do gás nas áreas estudadas. Em alguns lugares, as medições caíram de 5 ppm para 1 ppm, nível muito próximo do encontrado em áreas livres da cidade –menos de 1 ppm.
“Essa mudança equivale a sair de um período de horas parado em um túnel congestionado de carros, numa capital poluída como São Paulo, para o ar respirado em um parque arborizado”, afirmou Jaqueline Scholz Issa, cardiologista e coordenadora da pesquisa.
O monóxido de carbono segundo o Incor, é considerado fator de risco para doenças do coração e dos vasos, quando está presente no organismo humano em altos níveis e por longo tempo. O gás é um dos principais componentes da fumaça do cigarro.
Pesquisa parecida, feita em 2009 em São Paulo, será apresentada por Jacqueline no mês de novembro em um dos principais congressos internacionais de cardiologia, promovido pelo American Heart Association.
PESQUISA
As medições foram feitas em 146 estabelecimentos. O primeiro registro aconteceu logo antes da implantação da lei, em novembro de 2009, e o segundo, 12 semanas depois, em fevereiro deste ano.
Segundo o Incor, dados da concentração de monóxido na cidade nesse mesmo período comprovaram que não houve influência, nos resultados da pesquisa, de outra condição que não fosse a aplicação da lei antifumo para explicar a redução do gás.
A pesquisa constatou que em áreas fechadas a redução do nível de monóxido de carbono no ar foi de 56,9%. Nas parcialmente fechadas, de 52,6% e, nas áreas abertas, de 56,3%.
Para Jaqueline, o motivo provável para a redução ter sido menor no Rio do que em São Paulo (73%), é o fato de que na primeira medição na cidade do Rio, vários lugares já proibiam o consumo de tabaco, por causa de uma lei municipal de 2008.
De acordo com os pesquisadores, nos países em que a lei antifumo vigora há mais tempo houve redução de 10% a 30% no número de mortes e internações por problemas cardiovasculares. O instituto disse esperar o mesmo resultado na segunda fase dos estudos em andamento no Rio e em São Paulo.
FSP