O governo brasileiro pretende anunciar em novembro uma queda recorde no desmatamento na Amazônia e o lançamento de um fundo sobre o clima financiado pela indústria do petróleo, segundo informou na sexta-feira, 15 de outubro, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. As novidades devem ser divulgadas às vésperas da 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP16), que será realizada em Cancún (México) de 29 de novembro a 10 de dezembro.
Em um contexto de incertezas quanto a um possível acordo global com peso de lei na cúpula de Cancún, o Brasil quer mostrar ao mundo que tem se esforçado para reduzir as emissões de gases causadores de efeito estufa, além de pressionar os demais países (principalmente os desenvolvidos) a fazerem o mesmo.
“É o primeiro fundo climático financiado por atividades altamente emissoras. Estamos começando a transição para uma economia de baixo carbono”, destacou Izabella. Segundo a ministra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançará um fundo para adaptação às mudanças climáticas e projetos de mitigação que será bancado pelos lucros da indústria do petróleo. O mecanismo receberá cerca de R$ 300 milhões em 2011, mas este valor poderá ser maior nos próximos anos, uma vez que a expectativa é de que a produção petrolífera brasileira dobre na próxima década.
Protagonismo nas negociações sobre o clima
A influência diplomática do Brasil nas negociações sobre o clima tem sido mais ativa desde que a economia do país passou a ter destaque internacional nos últimos anos. “Independentemente do resultado da convenção de Cancún, estamos fazendo nossa parte”, ressaltou a ministra Izabella, ao sublinhar que os outros países, como os Estados Unidos, deveriam fazer o mesmo.
“Onde estão as reduções de emissões? Onde está o compromisso formal dos EUA? Eles terão de fazer isso, porque os países em desenvolvimento estão fazendo”, questionou a ministra.”Os EUA precisam ter uma posição mais ativa que aquela demonstrada pelo congresso americano”, pontuou, ao referir-se ao projeto de lei do clima que está parado no congresso.
O Brasil manterá em Cancún o compromisso feito na COP15 de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 39% até 2020, em relação aos níveis de emissão de 2005.
Com grande parte das emissões oriundas de desflorestamento e queimadas, o país conseguiu reduzir significativamente o desmatamento na Amazônia, a maior floresta tropical do planeta. O desmatamento em agosto de 2010 (265 quilômetros quadrados km²) foi 47% menor do que o registrado no mesmo período de 2009.
Todavia, com o crescimento da economia a uma velocidade considerável e o desmate sendo responsável por uma parcela cada vez menor de emissões, o Brasil terá de cortar os gases-estufa de algum outro setor. O presidente Lula deve anunciar um plano governamental para várias áreas, da siderurgia, passando pela geração de energia, até o setor agrícola.
Com informações da Reuters