Órgão que financia cientistas paulistas quer estudos com mais influência social e econômica

Fundação foi criada nos anos 1960 e se beneficia de lei que destina 1% da receita tributária do Estado à pesquisa

FSP

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), um dos principais órgãos financiadores da ciência paulista, está fazendo 50 anos de existência com a perspectiva de alcançar o montante de R$ 1 bilhão destinado ao fomento de pesquisas anualmente

“Falar em metas para os próximos 50 anos seria ambicioso demais”, pondera o físico Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp desde 2004.

“Mas acho que podemos falar em metas para os próximos anos, e a principal é aumentar o impacto da ciência produzida em São Paulo.”

De fato, embora a produção científica dos pesquisadores paulistas tenha praticamente dobrado do fim dos anos 1990 para cá, de cerca de 4.000 artigos anuais para em torno de 8.000 (ou 51% das publicações científicas do país), a maior parte desse avanço ainda não alcança os periódicos científicos de maior impacto, ou seja, os mais lidos e influentes.

“Mas não acho que a gente possa dizer que esse impacto intelectual não é importante. Já há uma base considerável, precisamos apenas aumentá-la”, diz Brito Cruz.

Além da originalidade científica, o diretor também destaca a necessidade de aumentar o impacto social e econômico da pesquisa no Estado, “embora também haja vários casos de sucesso nesse campo, como as nossas parcerias com a Embraer, a Braskem e a Petrobras ou a pesquisa em pequenas empresas paulistas”.

AMBIÇÃO

A Fapesp iniciou suas operações em 1962, beneficiada por uma lei que, até hoje, destina 1% da receita tributária de São Paulo ao financiamento de pesquisas.

A agência teve um salto de visibilidade a partir de meados dos anos 1990, quando passou a financiar projetos de grande porte que uniam cientistas em redes. Alguns dos principais estudos nesse modelo envolviam a então nascente área da genômica.

Pesquisadores paulistas, por exemplo, foram os responsáveis por sequenciar (“soletrar”) o DNA da bactéria Xylella fastidiosa, causadora do amarelinho, uma das principais pragas do cultivo de laranjas. O feito chegou à capa da revista “Nature”.

O aniversário de 50 anos será comemorado com uma recepção para convidados hoje, às 18h, na Sala São Paulo, na capital. Às 19h30, o hino nacional será apresentado pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.