“Reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar comunidades sustentáveis, nas quais podemos satisfazer nossas aspirações e nossas necessidades sem diminuir as chances das gerações”. (Fritjof Capra)

A crise ambiental pode ser descrita considerando-se três aspectos básicos: crescimento populacional, demanda de energia e de materiais, e geração de resíduos, ou seja, poluição. O problema da poluição ambiental surge no momento em que o ser humano descobre o fogo e passa a ser capaz de impulsionar máquinas e realizar trabalho, o que o conduz a um enorme avanço tecnológico. Esse desenvolvimento traz a necessidade de quantidades cada vez maiores de materiais e energia – e isso, por sua vez, resulta em uma quantidade significativa de resíduos. Assim, torna-se vital o entendimento do conceito de energia e de suas múltiplas formas, principalmente aquelas que têm menor impacto sobre o meio ambiente.

Entre as principais fontes de energia utilizadas pelos seres humanos para o desenvolvimento de suas atividades encontramos as não-renováveis como os combustíveis fósseis e nucleares e o gás natural, assim como as fontes renováveis como hidroeletricidade, energia geotérmica,biomassa, solar e eólica. Estas fontes de energia também se diferenciam de forma considerável entre si quando consideramos a geração, que pode ocorrer de forma centralizada (exemplo: usina nuclear) ou descentralizada (energia solar); e distribuição. Neste último quesito, devido a material e tecnologias usadas, as centrais hidrelétricas e termelétricas apresentam perdas consideráveis de energia no que se refere à transmissão. A grande hidroeletricidade, embora renovável, ainda causa em muitos casos graves impactos socioambientais, devido a área alagada para sua operação, e expulsão de populações locais de suas terras.

Diante deste cenário, o Brasil não deve repetir os erros e equívocos do passado em perpetuar um modelo de desenvolvimento predatório e excludente na utilização destes recursos naturais. Abrir um diálogo com todos os setores da sociedade para pensarmos um projeto de nação a ser implementado a longo prazo deve fazer parte do caminho em busca da sustentabilidade socioambiental das nossas atividades produtivas, visando evitar um cenário ainda pior diante do que vem ocorrendo atualmente no planeta e no território brasileiro.

Os últimos acontecimentos ocorridos no Sul, Norte e Nordeste do país tem deixado a população perplexa diante dos fenômenos naturais que vem ceifando vidas e modificando os ambientais naturais. Como não bastasse o ocorrido, temos a ingrata situação de insegurança com relação às usinas nucleares em Angra dos Reis, que manda recado que algo pior ainda pode acontecer, caso os sistemas de segurança,apresentação do projeto de descomissionamento,destinação final do lixo radioativo e controle social das atividades em questão estejam de fácil acesso à população sem segredo de Estado Militar! Não podemos aceitar passivamente que a opção nuclear vem crescendo diante de tantas opções existentes abundantemente em nosso território para geração de energia com segurança, menos impactos socioambientais e econômicos gerando trabalho e renda com justiça e equidade no desenvolvimento do país.

Um dos maiores desafios da humanidade no futuro próximo será, sem dúvida, alterar o quadro da crescente demanda energética associada ao emprego de fontes finitas e sujeitas a instabilidades políticas. O petróleo e a energia nuclear possuem estas características que devemos evitar neste projeto de nação que queremos para o futuro do planeta terra.

Por fim, faz-se necessário aprimorar nossa visão sistêmica na definição e implementação de ações que irão proporcionar melhor qualidade de vida aos cidadãos e demais seres vivos garantindo a permanência deste organismo vivo chamado GAIA.

Ivan Marcelo Neves