Pesquisadores de Assis avaliam rios da região

O biólogo Gustavo Reis de Brito, sob orientação da professora Solange Bongiovanni, do Departamento de Ciências Biológicas da Unesp, Câmpus de Assis, desenvolveu o trabalho ‘Análise da influência humana na qualidade de água de mananciais urbanos através do teste Azul de Metileno e níveis de nitrogênio e fósforo como bioindicadores de poluição’.

A partir da ideia que a análise da qualidade de água tem grande valor nos estudos relacionados à ocupação e utilização do ambiente pelo homem, a pesquisa avaliou a qualidade de água no Ribeirão do Cervo e em três de seus afluentes, a saber: Água da Porca, Água do Barro Preto e Água da Matinha, todos do município de Assis, SP.

As medições foram efetuadas entre fevereiro e agosto de 2012. Os parâmetros analisados foram pH, temperatura, turbidez, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido, além da realização de ensaios para 1determinação de Nitrogênio Total (NKT) e Fósforo Total e a aplicação do teste do Azul de Metileno.

Os dados mostraram grande influência antrópica no rio Água da Porca, local onde foram detectadas quantidades significativas de Nitrogênio e Fósforo; também foi observado processos de eutrofização ao longo do rio, indicando entrada excessiva de matéria orgânica; os valores de turbidez mostraram-se altos em virtude da grande quantidade de sedimentos em suspensão.

“Os entornos dos rios encontram-se bastante modificados, com ausência total ou parcial de mata ciliar, principalmente na área urbana e em locais de propriedade particular na zona rural”, afirma Brito. “Os resultados apontam para uma qualidade de água regular, com indícios de deterioração caso não haja intervenção da administração pública.”

Através das medições feitas (teste do Azul de Metileno, análise de Nitrogênio Total, Fósforo Total e variáveis físico-químicas), a principal conclusão que se pode tirar é: a qualidade de água do Ribeirão Água do Cervo está em situação regular, porém merece total acompanhamento. Embora a situação de dois afluentes (Água da Matinha e Água do Barro Preto) esteja conservada, o principal tributário da Água do Cervo (Água da Porca) encontra-se em situação precária que exige atenção imediata.

Segundo os pesquisadores, os processos de eutrofização encontrados ao longo da Água da Porca indicam que o rio está recebendo uma carga de matéria orgânica muito maior do que o normal, favorecendo o crescimento desordenado de produtores primários (algas e cianobactérias), processo este que pode colocar em risco a saúde do rio e daqueles que dependem do mesmo para sua subsistência. “A influência antrópica é notória nos trechos iniciais da Água da Porca: presença de lixo, animais mortos, mau cheiro, criação de bovinos”, afirma Brito.

O principal problema relacionado à péssima qualidade de água da Água da Porca, de acordo com o trabalho, reside no fato de que este é o principal afluente do Ribeirão Água do Cervo (mantenedor da represa de captação para abastecimento da cidade); um excesso na carga de poluentes neste afluente pode ter terríveis consequências para a população que depende desta água, haja vista que toda a poluição é carregada em direção à represa.

De uma visão geral, os dados indicaram uma situação regular na qualidade de água dos rios estudados, porém exige total controle por parte da administração pública para que os efeitos negativos já existentes não venham a sair de controle.

O replante da mata ciliar com espécies nativas da região, especialmente nos entornos das nascentes poderá ser utilizado como meio de “frear” os processos erosivos já existentes e o assoreamento; também se faz necessário uma maior fiscalização nas áreas de manancial, principalmente na Água da Porca por estar localizado dentro do perímetro urbano, visando coibir práticas nocivas ao ambiente como despejo de dejetos humanos e descarte de lixo doméstico; na zona rural estudos podem auxiliar nos processos de fertilização do solo para evitar que os insumos agrícolas venham a contaminar o lençol freático e os rios.

“Somente com a ideia de que as atividades humanas podem impactar o meio ambiente não é o bastante, é necessário agir. Cada vez mais a humanidade está assistindo a destruição dos recursos hídricos, sem pensar nas consequências para o futuro. Se ninguém cuidar do pouco que existe, chegará um momento em que não haverá mais nada a se fazer e então será tarde demais”, conclui Brito.

Assessoria de Comunicação e Imprensa – Unesp – Universidade Estadual Paulista