Município abriga obras da usina de Belo Monte; derrubada pode refletir construção
Eduardo Knapp – 20.abr.2010/Folhapress |
Bloqueio de estrada feito por moradores como protesto contra a usina de Belo Monte
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O município de Altamira (PA), onde será construída a hidrelétrica de Belo Monte, foi o campeão de desmatamento na Amazônia em maio.
Os dados são da ONG Imazon e podem refletir uma pressão sobre a floresta devido à expectativa de construção da usina, que recebeu licença de instalação no começo deste mês.
O SAD, sistema de monitoramento de desmatamento via satélite desenvolvido pelo Imazon, detectou um crescimento da devastação amazônica de 72% no mês passado em relação a maio de 2010.
Em toda a região foram perdidos 165 km2 de mata. Houve, porém, queda em relação a abril, quando o corte raso sofreu uma explosão de 362% e chegou a quase 300 quilômetros quadrados.
SOZINHA
Altamira desmatou sozinha 22 quilômetros quadrados em maio, o dobro do desmatado em abril.
Segundo Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, a expectativa sobre Belo Monte é o fator que melhor explica o dado.
Em segundo lugar na lista de desmatadores do mês de maio está Porto Velho, que também abriga mega-hidrelétricas (Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira).
Ações de antecipação ao fluxo de migrantes em Altamira estavam entre as 40 condicionantes que o Ibama impôs ao consórcio responsável por Belo Monte, a Norte Energia, antes de emitir a licença de instalação. O Ministério Público do Pará entrou na Justiça contra a licença, dizendo que as condicionantes não foram cumpridas.
O Inpe divulga hoje as estatísticas de desmate do sistema Deter, que usa imagens dos mesmos satélites que o sistema do Imazon, mas um processamento diferente. Os dados devem mostrar queda no desmatamento em maio.
Segundo Veríssimo, é cedo para comparar as tendências entre os dois sistemas, porque as metodologias são diferentes. Além disso, a cobertura de nuvens na Amazônia ainda está alta (foi de 47% em maio), o que atrapalha.
“Mas acho que vamos terminar o ano [os dados são coletados de agosto a julho] com tendência de alta, mais perto de 8.000 quilômetros quadrados do que dos 6.000 do ano passado”, afirmou.
fonte: Folha de SP