Parque Tayrona: um dos principais destinos ecológicos do mundo

Área de 15 mil hectares na Colômbia possui de tribos indígenas intocadas a praias caribenhas

 

Entre a maior cadeia de montanhas litorâneas do mundo e o Mar do Caribe está situado o que, na mesma magnitude, é considerado por publicações turísticas, pesquisadores ambientais e antropólogos um dos principais parques nacionais do planeta: o Tayrona, na província de Santa Marta, na Colômbia.

 

Os números impressionam: são 15 mil hectares terrestres, 3 mil hectares marinhos, quatro etnias indígenas, 40 praias (dentre as quais nove são banháveis), cerca de 50 espécies de mamíferos, 400 de aves, 27 tipos de flora e fauna típicas da região, 50 espécies de corais, 100 de algas, além de diversas paisagens naturais formadas por bosques, areais, mangues e floresta.

 

Tudo disponível para um número diário de 6.900 turistas que podem permanecer no parque até as 18h – por isso a maioria costuma fechar pacotes para dormir nas acomodações internas.

 

Segundo dados oficiais, o interesse pelo Parque Tayrona aumentou nos últimos anos: no primeiro trimestre de 2016, período do verão caribenho, cerca de 126 mil visitantes entraram no parque, metade do que costuma receber durante o ano todo. No ano passado, esse número foi para 185 mil pessoas no mesmo período.

 

É o mais visitado de toda a Colômbia, superando áreas com Corales de Rosario e Los Nevados. Há algum tempo, as companhias passaram a oferecer passagens aéreas diretas para Santa Marta – cidade mais próxima do parque – saindo de algumas capitais brasileiras.

 

O jornalista Vinícius Siqueira, de São Paulo, fez a viagem em 2014. Após passar por Bogotá, Medellín e Cartagena de Índias, ele encerrou a viagem pelo país conhecendo a região de Santa Marta, incluindo o parque, onde passou um único dia. “É um pouco difícil chegar nos locais destinados aos turistas, principalmente se você não tem informação suficiente sobre as entradas que existem. Estava sem guia e não sabia se os serviços que me ofereciam estavam inflacionados ou se valiam a pena”, diz ele.

 

“De qualquer forma, as praias são surreais. Caminhei duas horas pela mata até chegar a uma delas, mas ela era tão linda, a areia era tão branca, que nem tive como reclamar”, completa.

 

De fato, existem diversas maneiras de chegar ao parque: a mais comum delas é pegar um ônibus que sai da rodoviária e cruza os cerca de 30 km entre a cidade e a entrada principal do Tayrona, chamada Zaíno, em 45 minutos. Por ela, se acessam praias como Cañaveral, Arrecifes, Cabo de San Juan de Guía e Pueblito. Outra entrada é a Palangana, onde costumam passar apenas os turistas que não pernoitam no parque e que, da mesma forma, chegam de ônibus pela estrada, assim como a entrada El Calabazo, a 17 km de Santa Marta, por onde entra quem vai acampar.

 

Turismo ecológico

Ao contrário dos parques nacionais que a Revista Ecoturismo já mostrou, como o Madidi, na Bolívia, e o Tres Gigantes, no Paraguai, o Tayrona possui roteiros ecológicos distintos, como o que leva os visitantes para sítios arqueológicos das comunidades indígenas pré-colombianas – há até um museu sobre a cultura Tayrona -, e o que permite o acompanhamento de investigações científicas, onde a administração do parque espera que se promova a educação ambiental de quem o visita.

 

Há ainda roteiros tradicionais, como trilhas com praias, áreas de preservação ambiental e cultural, atividades de observação da fauna e da flora e mergulho pelos corais. A maioria das agências de turismo que atuam no parque, no entanto, exploram a convivência entre a floresta e a praia.

 

São os casos de praias como Bahia Concha, onde há campings e um restaurante; Neguanje, onde não se pode passar a noite, mas há opções de alimentação informais; e Cabo San Juan de Guia, uma das praias mais procuradas do parque, por ter restaurante, banheiros, campings e até um pequeno hotel.

 

Além disso, a praia de Cabo San Juan de Guia é considerada uma das mais bonitas de todo o parque, como relata Vinícius Siqueira. “São duas praias: a primeira fica em frente ao camping, ao restaurante, e é mais lotada. Andando um pouco, há uma divisão pequena feita por uma espécie de ilha, que dá acesso a outra praia, mais vazia e com apenas floresta, areia e mar. As duas são maravilhosas.”

 

Fechamento em 2018

Apesar dos números altos nos últimos anos, a administração do parque decidiu fechar as suas portas entre janeiro e fevereiro de 2018 a pedido das tribos indígenas que vivem no local.

 

Segundo elas, é necessário que haja um tempo para restauração ambiental e espiritual da fauna e da flora, assim como para a regeneração dos processos naturais das praias. No ano passado, o Tayrona já havia permanecido fechado durante algum tempo pelo mesmo motivo.

 

“Naquele período, a gente pôde observar que alguns animais, como jaguares, mamíferos pequenos e médios e outras espécies, começaram a sair pelo parque. Além disso, em um mês se recuperam os solos e as fontes de água, e o estresse dos ecossistemas diminui enquanto passam pela temporada seca”, afirmou o diretor dos parques nacionais colombianos, Carlos Tamayo.

 

Além dos fechamentos ocasionais, o parque também está envolvido em outras questões: os indígenas locais protestaram recentemente contra as atividades mineiras nas montanhas da Serra Nevada de Santa Marta, considerada a maior cadeia montanhosa próxima ao mar do mundo, com picos de 5 mil metros. Segundo os nativos, a exploração cresceu nos últimos anos e passou a interferir nas áreas onde eles habitam.

 

“Nós não negociamos nossa terra e consideramos que, para esse tipo de assunto, que envolve até grandes projetos, nós devemos ser consultados. Sensivelmente apelamos para que a Serra Nevada seja declarada livre de mineração”, reclamou o líder da tribo Arhuaco, Saúl Mindiola.

By Ben Bowes - Tayrona Park, Santa Marta, Colombia 08, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=875366

By Ben Bowes – Tayrona Park, Santa Marta, Colombia 08, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=875366