Líderes comunitários e ambientalistas reuniram-se neste sábado (16 de junho) na entrada do Parque da Juventude, zona norte de São Paulo, para um ato cívico contra a construção do Rodoanel Norte na Serra da Cantareira.

A manifestação reuniu cerca de cem pessoas, que portavam cartazes, foto e painéis sobre a importância ambiental da Cantareira. O ato foi iniciado pelo jornalista Eduardo Britto, que defendeu sua posição contra qualquer trajeto que passe sobre a floresta da Cantareira. Britto comparou o tramo norte do Rodoanel a uma nova avenida Marginal, que vai transferir tráfego, congestionamentos, fumaça e ruído para os bairros próximos à serra, além de provocar centenas de desapropriações.

Histórico da luta e apoio de personalidades
O ambientalista lembrou os vários momentos da luta contra a obra, desde os anos 1980, quando Vera Lúcia Braga conseguiu barrar um empréstimo do BID ao governo do estado, logo após a região da Cantareira ter sido considerada Reserva da Biosfera pela Organizaçao das Nações Unidas. Também destacou o documento contra a obra, assinado em 2011 por personalidades, como cientistas, urbanistas, arquitetos e artistas, nomes como Maria Adelaide Amaral, Juca de Oliveira, Luiz Melodia, Maria Bonomi, Araquém Alcântara, José Celso Martinez Corrêa e o recém-falecido geógrafo Aziz Ab´Saber.

“Projeto é ilegal”
Presente ao ato, o vereador José Américo (PT) declarou que o projeto é ilegal, pois não está em acordo com a legislação do Plano Diretor de São Paulo e não cumpriu todo o trâmite exigido para aprovação pelo município, como a avaliação pelo Cades – Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Lembrou, ainda, que o projeto está sob análise do Ministério Público Estadual e do Ministério de Meio Ambiente/Ibama, pois o relatório EIA/Rima não chegou a ser avaliado inteiramente pelos órgão federais.

Mananciais da Cantareira
Outros oradores falaram sobre os riscos que a obra do Rodoanel trará para os mananciais da Cantareira, sistema que fornece 55% da água potável para a Região Metropolitana de São Paulo, lembraram as desapropriações e, especialmente, o risco de expansão da mancha urbana da capital em direção à serra da Cantareira.

Eduardo Britto também destacou o erro conceitual do governo paulista, ao propor uma obra rodoviária que pode ser substituída pela já existente Rodovia D. Pedro I. E citou que exatamente quando acontece a conferência Rio+20, as autoridades insistem em estimular o modo rodoviarista de transporte em vez de investir os R$ 6,5 bilhões em transporte coletivo, como corredores de ônibus, metrô e trens urbanos. “Com o dinheiro para o Rodoanel Norte seria possível construir mais de 1.000 km de corredores de ônibus”, comparou Britto.

Mais informações no Blog Rodoanel (http://rodoanelnorte.wordpress.com/)

Informações para a imprensa:
Regina Rocha  (9440-4189) e Marcos de Sousa (7614-7470)